tag:blogger.com,1999:blog-77683640792732481782024-03-14T02:28:01.124-03:00Rafaela FlemingHemingway,
Poe,
Lovecraft,
they didn't scare me,
life did. Rafaela Fleminghttp://www.blogger.com/profile/12074084514790403210noreply@blogger.comBlogger153125tag:blogger.com,1999:blog-7768364079273248178.post-33482588826472500152023-07-31T12:49:00.000-03:002023-07-31T12:49:20.220-03:00Transposição<p><span style="font-family: verdana;"> </span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;">Ah! Meu traumatismo craniano<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="clear: right; float: right; font-family: georgia; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="643" data-original-width="563" height="266" src="https://i.pinimg.com/564x/d1/af/eb/d1afebcf65390ac296898f13135852a9.jpg" width="233" /></span><span style="font-family: georgia;">que ninguém via, mas em mim doía.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;">Ninguém sentia enquanto eu sangrava<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;">vagando pelos corredores sem rumo,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;">com mapas em sonhos, mas sem destino leve.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><o:p><span style="font-family: georgia;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;">Que desejo obsoleto em conhecer a cidade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;">Ah! Quem diria que meus passos levariam<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;">anos até saírem do lugar?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><o:p><span style="font-family: georgia;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;">E que liberdade era essa que eu via na Tv cultura <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;">comendo biscoito, mas em mim não batia nada, <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;">além dos insultos contra minha geração e em pró da ditadura?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><o:p><span style="font-family: georgia;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://i.pinimg.com/564x/d1/af/eb/d1afebcf65390ac296898f13135852a9.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"></a></div><span style="font-family: georgia;">Gritando calada, suportando o peso da maçaneta<o:p></o:p></span><p></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;">que trancava minha alma e meu ser nas luzes brancas<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;">e doloridas das quatro paredes que zombavam de mim?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><o:p><span style="font-family: georgia;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;">E então fugi para o conforto das luzes amarelas,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;">margaridas, sol, ouro com dourado,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;">quebrei as portas e janelas sem violência,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;">protegi minha pele sem me esconder,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;">vagando em liberdade plena <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;">pelas ruas desconhecidas, <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;">tomando sorvete <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;">com o amor da minha vida. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><br /></p><div class="acfifjfajpekbmhmjppnmmjgmhjkildl" id="acfifjfajpekbmhmjppnmmjgmhjkildl"></div>Rafaela Fleminghttp://www.blogger.com/profile/12074084514790403210noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7768364079273248178.post-29595984825484442832020-12-24T01:28:00.000-03:002020-12-24T01:28:25.931-03:00Don't grabbed me. It's the end of an era. <p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://i.pinimg.com/564x/b0/13/d1/b013d1e7700ce79a84c29f753dde48d5.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="639" data-original-width="310" src="https://i.pinimg.com/564x/b0/13/d1/b013d1e7700ce79a84c29f753dde48d5.jpg" /></a></div> <p></p><p>E as alças que tanto amarravam, finalmente, arrebentaram deixando marcas físicas. Dessa vez não houve dúvidas sobre tantas cicatrizes no círculo de uma alma. Não há tempo suficiente para vivenciar todos os anos violentos que foram cravados no fundo daquele casco de navio, cheio de buracos. </p><p><br /></p><p>A maré comporta-se diferente durante a tempestade, contudo, os turistas não tinham do que reclamar, ali a maré era apenas um lago patético envelhecido pelos anos que se passaram.</p><p><br /></p><p>Mas as máscaras de lagoas não duram tanto tempo, e, aos poucos, o que nos é oferecido por décadas de refeições mal digeridas acaba virando exibição em um <i>menu </i>público. Todos podem ler as receitas perversas que, enfiadas goela abaixo, ainda existem nas paredes do estômago dos injustiçados. </p><p><br /></p><p>Na brutalidade de tubos pálidos, onde apertado, não havia como buscar a vida pelo elemento essencial, estourou-se o botão do medo, apertou-se a alavanca da coragem, e não havia como errar, não há maneiras de retroceder aos impactos que a vida bruta causou. O solo de folhagens secas se ilumina a cada passo dado.</p><br /><p><br /></p><p><i>Longe, longe, longe.</i></p><p><br /></p><p>Onde é que será, longe o suficiente, para que os canos jamais sejam lesados? Consumados pela tristeza, bestificados pela ausência de outras vidas tão dependentes, paredes de proteção não permitem a entrada indesejada do mofo que há lá fora. </p><p><br /></p><p>Estás bem capitã? Quantas rotas daqui até seus sonhos?</p><p><i>Passagem para dois. </i></p>Rafaela Fleminghttp://www.blogger.com/profile/12074084514790403210noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7768364079273248178.post-59981040889241772862020-03-01T03:04:00.000-03:002020-03-01T03:04:27.325-03:00They blame me<br />
<div class="MsoNormal">
Então eles me culpam por não expressar tristeza.</div>
<div class="MsoNormal">
Eles me culpam por não haver pranto, tensão facial<br />
ou mesmo desespero. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A ausência de melancolia em momentos exigidos,<br />
como se o corpo humano fosse uma máquina<br />
onde há uma torneira para ser ligada quando a sociedade exige. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Onde estavam os apontadores, os moralistas e os cidadãos<br />
quando a torneira transbordou e afogou o navio que tentava<br />
permanecer na superfície das obrigações com tantos furos em seu casco?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O quarto cheio de opiniões ofensivas, discursos camuflados,
imitando<br />
anúncios de tragédias ocorridas durante a história da humanidade,<br />
tão corriqueiro o mal dentro de tantos, mas quem irá dizer a eles?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O silêncio é a ausência de som, mas é também a presença de
palavras,<br />
palavras que não são ditas para o porto não os expulsar, mas quem garante </div>
<div class="MsoNormal">
que diante de tantas cobranças um dia as alças não irão arrebentar?<br />
<br />
As pontes cairão, destruídas pelo cinismo grotesco daqueles que desejam<br />
a morte de tantos, mas te apontam quando a morte deles não te afeta. <br />
E no fundo, todos nós sabemos, que destino ninguém muda e não há </div>
<div class="MsoNormal">
pranto neste
mundo que vá alterar os braços escuros da morte. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></div>
<br />Rafaela Fleminghttp://www.blogger.com/profile/12074084514790403210noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7768364079273248178.post-24970215892272313282019-07-15T22:06:00.003-03:002019-07-15T22:06:59.891-03:00Chamas no Centro Oeste<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Nesse diálogo noturno <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">expomos nossa opinião enquanto podemos<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">ainda somos livres ou é só um delírio vazio<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">no rodapé da constituição?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Querem acabar com os dizeres da revolução,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">liberté, egalité, fraternité<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">mera ameaça que me faz te convidar,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">assim, como se fôssemos jantar fora.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Ei, babe<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Vamos queimar o congresso nacional<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">e nos beijar diante das chamas de Brasília? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Aqui não é paris e não tem torre eiffel<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">mas nossa classe é firme, sem luzes a meia noite<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">aqui só faíscam nossos olhares quando o teto que sustenta<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">a bandeira nacional desmorona e as cinzas da censura somem<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">como se nunca tivessem existido. <o:p></o:p></span></div>
<br />Rafaela Fleminghttp://www.blogger.com/profile/12074084514790403210noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7768364079273248178.post-59977250901426026502018-04-13T22:57:00.003-03:002018-04-14T01:00:51.803-03:00I am wild because i don't want to read today <div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A data de lançamento era no dia 22 de fevereiro de 2008, o pior ano da minha vida. Entretanto, os acontecimentos que me levaram ao fundo do poço ainda não tinham ocorrido, portanto, era uma data como outra qualquer. Por essa razão não prestei atenção, ainda era muito jovem e não havia despertado dentro de mim o platonismo e tamanha obsessão pelo cinema. É por isso que temos um lapso de três ou quatro anos após a estréia. Digo mais ou menos porque ainda não me recordo, embora muito tente, se o vi em 2011 ou 2012, mas lembro bem que estava no ensino médio, com aquela tensão de pré vestibular que parecia o fim do mundo. Naquele momento, realmente era o fim do mundo já que eu não me sentia boa o suficiente para fazer uma faculdade, a cabeça ainda fazia mil perguntas sobre os acontecimentos que travaram quem eu me tornei hoje somado as reprovações em matérias contendo cálculos absurdos. Isso não mudou, eles continuam absurdos e nunca deixarão de ser. A questão coincidiu com o roteiro, já que eu só começaria a estudar para entrar na faculdade mais para o meio do ano, então no primeiro semestre daquele ano incerto para sempre, eu dediquei o meu tempo a assistir filmes. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
Baixava todos os dias filmes com posteres que eu achava bonito, história interessante, sinopse envolvente. Foi então que eu vi um cara meio magrelo sentado em cima de um ônibus azul. O título traduzido "na natureza selvagem" me pareceu algum documentário do discovery, mas era muito mais que isso. O Into the Wild foi um filme que eu vi e não me impactei até o final, claro, o cara morrer por ter ingerido uma planta venenosa me parecia algo absurdo demais até saber que o filme foi baseado em fatos reais, que o cara existiu, que o ônibus ainda tá lá (embora o filme não tenha sido rodado lá e sim em uma réplica por questões de respeito e história em conservar o bem patrimonial cultural por assim dizer) e que fugir do mundo foi o ideal de alguém. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na hora pensei: "mas que absurdo", como quem estava desiludida por terem falado tanto daquele filme e não ter me impactado, mas hoje, quase seis anos depois de ter visto o filme eu entendo perfeitamente. Não no sentido de querer a mesma trajetória e o mesmo fim, mas no sentido de fugir de forma não literal. E por incrível que pareça, eu diria literal pela leitura. Fugir das manchetes, das notícias do mundo, fugir dos conflitos travados, fugir da política atual, fugir da intolerância com qualquer coisa que seja contrária ao que as pessoas acham correto. É, fugir.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O mesmo verbo que para mim, aquele filme retratava de forma absurda. Mas veja bem, fugir do jornal hoje é mais relaxante que qualquer ilícito que você, caro leitor, ouse a usar em sua vida.</div>
<div style="text-align: justify;">
Perdi a conta de quantas vezes fui questionada sobre algum acontecimento. "Você viu isso?", "Você acha que vão deixar?", "Tá rolando a maior treta em tal lugar, você viu?"</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E a minha resposta, inúmeras vezes foi a mesma: "Cara, não vi."</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quando eu estava no ensino médio os professores berraram com seus pulmões inundados de giz de lousa verde infantil e odor de canetão permanente em quadro branco: "Leiam jornal"</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A desculpa era que a gente precisava ler jornal para saber o que estava acontecendo no mundo e consequentemente, o que o enem iria pedir em sua redação, quais temas provavelmente seriam solicitados nos vestibulares.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Leiam para entrar na faculdade.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Engraçado, hoje temos que NÃO LER para SAIR da faculdade.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Meus colegas de curso não sentem o cheiro de um livro de literatura há anos, não conseguem mais escrever ou fazer alguma coisa que lhes dê prazer. Não podemos passar horas lendo o jornal e as manchetes da época do enem porque aquilo é distração, não é doutrina, não é livro técnico, então consequentemente, não serve. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A real razão da menção do into the wild é que não tenho vontade de ler as manchetes atuais e nem os livros técnicos. Tenho vontade de fugir dos jornais como fugiu o personagem do filme, queria poder ler apenas o que me desse prazer, seja livros de literatura ou notícias favoráveis a libertação animal plena. Mas não quero ler o que eu tinha que saber antigamente. </div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>"Não, eu não vi a notícia de hoje."</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>"E quer saber?"</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>"Eu adorei não ler nada hoje porque eu estou into the wild. "</i></div>
</div>
Rafaela Fleminghttp://www.blogger.com/profile/12074084514790403210noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7768364079273248178.post-28725077875736908302017-05-29T22:20:00.000-03:002017-05-29T22:20:08.752-03:00Make me care again. <div style="text-align: justify;">
Não é preciso mencionar o nosso atual cenário político. Tampouco a guerra na Síria. É triste? É. É lamentável? É. Mas eu não consigo me importar com nada disso. Exatamente, nada. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://kartikkohli03.files.wordpress.com/2014/03/frankly-i-don-t-give-a-damn.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="700" data-original-width="600" height="320" src="https://kartikkohli03.files.wordpress.com/2014/03/frankly-i-don-t-give-a-damn.png" width="274" /></a>Eu não me importo se bilhões nos foram roubados ou se as pessoas estão se matando com uma AK 47 só para se entreterem no final de semana. Me culpo por não me importar, mas aparentemente é um sintoma patológico. Não me importo com o exterior, com o interior, com nada. Eu ouço os problemas das pessoas e tento me afligir, tento de todas as maneiras buscar palavras de conforto. Quando as encontro, elas saem vazias feito vento, preenchidas como um saco de papelão estourado que alguém insiste em assoprar e assoprar. Tudo o que eu me importo é com dor. Com a dor que eu sinto no meu interior, com a dor de lutar contra mim mesma em não ceder aos meus impulsos. Eu não me importo. E eu deveria me importar muito. Ainda tem uma coisa ou outra que chama minha atenção e me faz me importar, mas essas coisas não são suficientes para que eu me agarre nelas e comece a me importar com o resto. Eu realmente não acho que isso seja normal, eu não sei exatamente por quanto tempo ficarei assim. Faz meses que não vejo jornal, não acesso G1. E quando acesso algum site de notícias, eu vejo um monte de coisa e não sinto nada. Teve aquele ataque terrorista recente em Manchester. Só fiquei sabendo porque vi um post no facebook sobre a rainha Elizabeth estar prestando solidariedade às vitimas no hospital. É isso, uma senhora de noventa e um anos se importando. E eu aqui, com vinte e dois não me importando, não sentindo, bloqueada com o que eu não sei. Por que será que o cotidiano não me comove mais? Será que eu me acostumei com o fato do homem ser mal e Thomas Hobbes tinha razão quando disse que o homem era o lobo do homem?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas se o fato for esse, para onde eu devo ir? Porque o mundo é cercado de homens, humanos, pessoas que destroem as coisas. Para onde eu vou com esse comportamento? Eu devo prosseguir como into the wild e morrer envenenada num ônibus azul ou eu continuo aqui não me importando com nada até que um dia, como num passe de magia, eu vá para a terra de Oz e meu único pedido para ele seja que eu me importe de novo? Profundamente, desesperadamente, suplicante e de joelhos: Me faça importar!. </div>
Rafaela Fleminghttp://www.blogger.com/profile/12074084514790403210noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7768364079273248178.post-15968763905590235582016-10-25T05:28:00.002-02:002016-10-25T05:29:54.709-02:00Chapter eight<div style="text-align: justify;">
Se eu tentasse olhar para o céu nesse momento procurando por estrelas, eu não conseguiria sequer achar uma, pois o céu está nublado com a chuva da madrugada. Por essa razão, digamos que em uma situação hipotética eu conseguisse me deparar com um bonito e estrelado repleto de pontos brilhantes do passado. Eu encontraria os oito pontos mais brilhantes, porque hoje faz oito anos que você viajou sem se despedir.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A sua ausência me ensinou muitas coisas, acredite, sobreviver sem ter sua companhia ao meu lado não foi e não é a melhor coisa que eu faço, mas executo essa tarefa em piloto automático porque não tenho escolha. Você que sempre me ensinou tantas coisas desde pequena porque essa era a sua profissão, deixou algumas folhas do livro da vida em branco, onde eu levei o dever do aprendizado para casa e tive que fazer sozinha, torcendo para que estivesse tudo certo, pois você não iria corrigir uma linha sequer do que eu fizesse. Não mais.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Você deixou em branco alguns capítulos que para uma adolescente como eu na época de sua ausência, eram importantes. Não completamos o que planejávamos desde meus dez anos, a tal festa dos quinze. Não tivemos o brilho e o riso uma da outra quando eu te contasse sobre a experiência esquisita de um beijo todo errado. Você não me ensinou a como levantar de uma decepção amorosa. Sequer esteve presente no meu álbum de formatura da oitava série. Talvez esse capítulo tenha doído mais, é verdade.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não houve riso seu ao me ver descontrolada na época do vestibular, tampouco ouvi suas preces para que alguma faculdade me aceitasse. Não me pintei de tinta com meus colegas durante um trote porque você não estaria em casa para gritar comigo por toda aquela tinta em cima de mim, não houve mais velas onde você me ajudaria a apagar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não houve tempo para você me ensinar a superar minhas notas baixas na faculdade ou mesmo a tentar entender meus professores quando eles não conseguiam me ensinar como você fazia, mas é que realmente não há como alguém me ensinar algo como você ensinava.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://scontent.fcgh3-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/65197_2856705432791_45417448_n.jpg?oh=4f042db47539509a43e158147bfa99ca&oe=5891B2F7" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: justify;"><img border="0" height="240" src="https://scontent.fcgh3-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/65197_2856705432791_45417448_n.jpg?oh=4f042db47539509a43e158147bfa99ca&oe=5891B2F7" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
Você não me ensinou a me abrir com meus amigos, muitos sequer sabem da sua partida na minha vida, que sim, foi tão repentina. Outros não sabem da insônia que anda ao meu lado ou dos problemas que hoje marcam um braço cansado de apanhar. Eu ainda não aprendi esse capítulo, espero que não esteja muito apreensiva, mas é minha essência. O fechado e trancado para que outros capítulos não se dispersem sem terem sido estudados.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas talvez um dia eu abra a porta e deixe que as lições voem se elas quiserem, porque de todos os capítulos dessa doutrina que leio há vinte e dois anos, oito deles sem você, eu perdi o mais importante, o que torna os outros triviais e sem muito sentido.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Algumas linhas tinham que ser escritas porque as memórias estão ficando cada vez mais vazias e opacas. Me pergunto se aqueles dias de glória foram reais ou se toda a felicidade em tantos momentos realmente eram a simbologia mais doce e real da vida que eu um dia tive ao seu lado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<br />Rafaela Fleminghttp://www.blogger.com/profile/12074084514790403210noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7768364079273248178.post-78413028669255555232015-12-29T01:03:00.001-02:002015-12-29T01:11:19.295-02:00Reborn<div style="text-align: justify;">
O céu tinha cor de champanhe caro quando os raios de sol cansados por brilharem o dia todo estavam se despedindo da janela de madeira. O clima era quente, como já esperado e um tanto odiado naqueles tempos que não havia nada a não ser sorrisos forçados. Parecia que depois de uma viagem incrível por tantos lugares com céus que mais pareciam uma aquarela infinita, havia o momento de voltar e encarar a realidade: Da cor que realmente era e da cor que um karma lhe teimara em determinar. Obstáculo petulante que ousa em não lhe deixar ser feliz, mas por hora, acostumado e sentar-se ao seu lado para contar suas razões de aborrecer. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Inspirou a umidade do ar que já não era muita, conforme os anos se passavam, a impressão que dava era que o ar ficava mais lamacento. Impregnado com a ganância de sua espécie, mas tímido ainda por não apresentar as expectativas de seus sobreviventes. É estranho desejar o mesmo cenário e mais ainda por não querer nunca mais pisar ali.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Pálpebras dançaram próximo da testa e o corpo caiu no piso frio, alucinando em meio a uma convulsão epilética que seu cérebro pregou. Abriu-os por fingimento e constatou que o passado havia voltado e se transformou em um grande telão de cinema. Grande classe de poltronas, mas era preciso apenas uma para assistir ao espetáculo. O enredo foi a si mesmo, mas eram atores diferentes. Aquele que tinha de ser seu olhou em seus olhos (ou para a câmera que o estava filmando) e sorriu um pouco antes de arranhar as bochechas com as próprias unhas e conseguir líquido suficiente para desenhar com os dedos da mão esquerda na transparência de vidro.</div>
<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: right;">
"<i>Renasça</i>"</div>
Rafaela Fleminghttp://www.blogger.com/profile/12074084514790403210noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7768364079273248178.post-91359326648379536702014-09-26T22:31:00.000-03:002014-09-26T22:37:14.374-03:00Coma<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span><br />
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Como se um automóvel tivesse perfurado a consciência tornando o chão quente e não frio. A desordem que há neste corpo não torna isso mais trágico, talvez fosse necessário que antes de conseguir grandes conquistas seja preciso fracassar. Como uma chuva de antíteses num céu de paradoxos onde uma ventania não é poesia e sim eufemismo. Em coma profundo por uma vida onde nada além de seus anticorpos dançantes, a sua valsa está terminando, é hora de ser quem precisa ser. </span></div>
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
Para estar em pé ela deve cair. E cair forte. Mas não tropeçar sozinha. Cair. Ser jogada contra o chão. Concussão diária, semanal, mensal, anual, eterna. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
Nem todos os círculos são compostos por um infinito cuja saída não existe além de desespero, com uma dose de angústia e coragem a roda se transforma em ponte. Seus passos percorrem a superfície incerta deixando a própria linha do tempo para trás. Isso traz responsabilidades para esta que vos fala, mas aceitas de bom grado pela demora. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
Longa espera. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://data1.whicdn.com/images/138648899/large.gif" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><img alt="je ne suis pas perdue | via Tumblr" border="0" src="http://data1.whicdn.com/images/138648899/large.gif" height="190" width="320" /></span></a></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O recesso foi preciso para que todas as energias pudessem se estabilizar. Estas mãos calejadas pelas ideias que não possuem começo e muito menos fim, que partem do meio de um ser que não conseguia acordar de seus males, de suas verborragias, da ausência de preenchimento e não presença de vazio.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
Acabou.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
<br />
O coma termina para que todos que aqui passam seus olhos cansados possam enxergar como há viagens necessárias para não só conhecer outros lugares, mas para conhecer a si mesmo.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
Profundamente.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span>
Rafaela Fleminghttp://www.blogger.com/profile/12074084514790403210noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7768364079273248178.post-84447783851077100732014-07-10T04:01:00.000-03:002014-07-10T04:01:39.004-03:00Details of you<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Há pares de olhos no mundo
que enxergam muito mais. Não é preciso ter uma codificação mutante para isso.
Basta apreciar vagarosamente o que há de mais belo nesse planeta chamado Terra,
como por exemplo, eles. </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Suas sobrancelhas quando
juntas de um cenho franzido fazem todo o sentido. A expressão de “estou puto
com isso” ou “aquele cara está mesmo sendo tão babaca com você? Deixe-me
quebrá-lo em alguns pedaços e usá-lo como tapete para minhas botas”. </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Sim, os pares de olhos por
mais que se mostrem assustados ou mesmo quando dão risada de um homem bravo,
realmente gostam disso. Claro que toda raiva tem um limite, eles não possuem a
síndrome de Estocolmo para se apaixonarem por psicopatas que querem nos privar
do mundo. Longe disso, esses sim. Detestamos e descartamos mais que coringa em
jogo de baralho.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="http://data3.whicdn.com/images/125413387/large.gif" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://data3.whicdn.com/images/125413387/large.gif" height="200" width="133" /></a><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;"><i>Os braços.</i> Quando seus
pelos estão eriçados por estarem com frio e ao mesmo tempo negarem porque acham
que o casaco deles nos pertence. É claro que nos agasalhamos! Esse par de olhos
sempre sai com mil jaquetas. Mas acontece que o tempo adora dizer que nunca
será o suficiente, e involuntariamente abraçamos nosso próprio corpo para
mandar a sensação de gelo para o inferno. E prontamente vem uma peça. Pode ser
uma jaqueta de couro, um casaco verde militar com algumas estampas em relevo mal
costuradas com suas bandas favoritas. Ou um blazer escuro que mesmo sendo
enorme, parece se encaixar em nossos ombros perfeitamente como se fosse nosso,
desse par de olhos e não deles. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 115%;"><i><br /></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-size: 10pt; font-style: italic; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="font-size: 10pt; font-style: italic; text-align: justify;">
<i style="font-size: 10pt; line-height: 115%;"></i></div>
<div class="MsoNormal" style="display: inline !important; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;"><i>Suas bocas</i> quando mordidas
por tensão nos dão tesão. Seus dedos apertando um volante nos fazem imaginar
quanta força mais eles são capazes de ter. E isso não tem nada a ver com o
status de possuir um carro. Esse mero par de olhos não está ligando para isso,
pode ser até uma Kombi roubada. Seria divertido vê-los passar as mãos pelos
cabelos em sinal de nervosismo porque fomos presos. Gostamos quando temos
entradas para eventos, mas apreciamos mais ainda as entradas bem marcadas de seus
quadris que se movimentam num vai e vem sensual quando nos ensinam uma música
latina. Parece que as notas saltam do disco e nos cercam, dançam com a gente. O
dó, o ré, o mi. Todos fazem fila para poder te tocar, mas eles não sabem qual é
a sensação. E por essa razão eu nunca quis ser uma nota musical. Porque o único
local que elas podem realmente tocá-lo será em seu ouvido. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;"><i><br /></i></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://data3.whicdn.com/images/52070768/large.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://data3.whicdn.com/images/52070768/large.jpg" height="133" width="200" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;"><i>Seus cílios </i>longos nos
olham por cima do livro que está lendo. O gostoso som da página velha sendo
trocada por suas mãos nos causam uma inveja repentina. Queremos ser viradas,
lidas, sentidas. Transformar a sua vida e ser transformada por sua consciência
que entra em estado de êxtase quando nos terminam de ler. O sorriso de canto
nos cerca, ambas as mãos nos bolsos daquela calça de sarja marrom escuro
chocolate que combina tanto com o tom de pele de seus punhos. Aliás, poucas
coisas parecem tão certas como quando suas mãos estão nos bolsos laterais de
sua calça. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="http://data3.whicdn.com/images/120853818/large.gif" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://data3.whicdn.com/images/120853818/large.gif" height="111" width="200" /></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 115%;">É como se um novo mundo
estivesse para ser descoberto ali. Algo fantasioso. Qualquer coisa dentro nos
faz acender. Um isqueiro, uma chave, um mp3, uma agenda com seus poemas mais
sacanas. É, quando vocês escrevem e nos deixam ler é como se estivessem
alargando mais esses bolsos e nos dissesse para ir até vocês para dar uma
espiada ali dentro e conhecer quem são os homens. </span></div>
Rafaela Fleminghttp://www.blogger.com/profile/12074084514790403210noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7768364079273248178.post-81752126569615433792014-06-23T20:21:00.002-03:002014-06-23T20:21:16.035-03:00Tease me<br />
Olhos nas linhas,<br />
dedos tensos em uma caneta,<br />
fios de cabelo sobre a testa,<br />
arfar ao respirar.<br />
<br />
<br />
Calma...<br />
Mais uma vez, risque, risque.<br />
Amasse-me, pegue outra.<br />
Isso.<br />
<br />
<br />
Agora do começo,<br />
assim mesmo...<br />
Conseguiu?<br />
Sorriu coçando a barba.<br />
<br />
Como não se apaixonar pelos escritores?<br />
<br />Rafaela Fleminghttp://www.blogger.com/profile/12074084514790403210noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7768364079273248178.post-24489068837884927962014-05-12T00:20:00.001-03:002014-05-12T00:20:28.525-03:00O escuro é elétrico<br />
Quero pintar uma releitura da Monalisa,<br />
tocar a nona de Beethoven até não notar<br />
que comecei com ele e terminei com Chopin.<br />
Eu irei escrever um best seller e<br />
me tornar milionária em vinte minutos.<br />
<br />
<br />
Lerei cinquenta livros de poesia e trinta de prosa pura.<br />
Farei o melhor café que você já tomou na vida e pularei<br />
na cama para todo o meu sangue corroer minhas artérias<br />
pela velocidade de meus pulos.<br />
Farei, farei mesmo.<br />
<br />
<br />
Porque essa é a magia da madrugada.<br />
Fazer-te ter vontade de voar com os pés no chão,<br />
ser quem você sempre quis, usar anéis de saturno,<br />
calcular física, cozinhar macarronada.<br />
Essa é a fonte da noite.<br />
Te dar a ideia de atos promissores não permitindo que durmas antes<br />
do canto do bem te vi.Rafaela Fleminghttp://www.blogger.com/profile/12074084514790403210noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7768364079273248178.post-35091268139531884102014-05-10T00:12:00.002-03:002014-05-10T00:12:09.852-03:00Ice's cardiacDeixe-me na beira da sarjeta,<br />
onde os bêbados procuram a vida<br />
que não são donos.<br />
Quero ficar no sereno de minhas mágoas<br />
pela ausência da sua presença.<br />
<br />
Tenho que sentir a última gota de<br />
chuva forte, que deixe-me doente,<br />
que não haja cura, tenho de sofrer....<br />
<br />
Me deixem jogado com o ardor de<br />
meus pensamentos junto das feridas<br />
que não se vê.<br />
Preciso lembrar, preciso sofrer...<br />
<br />
A arte vem da dor que chega sem avisar.<br />
A dor traz a paz posterior, amarga como<br />
teu rancor.<br />
Para relatar esses versos deixe-me aqui<br />
e vá embora, tenho que sofrer sozinho,<br />
remoer a nossa história.Rafaela Fleminghttp://www.blogger.com/profile/12074084514790403210noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7768364079273248178.post-55747296406510889742014-05-02T15:17:00.000-03:002014-05-02T15:17:55.440-03:00Cela XVIIRiscou um fósforo perdido pelo rodapé das paredes secas e com pouca luminosidade. A única janela estava escura, deveria ser outra noite não notada e sentida pela ausência quando esta fosse embora. Os ruídos diminuíam conforme os ponteiros curiosos corriam, aparentemente todos temiam tais ponteiros, pois sempre os observavam com as íris preguiçosas lamentando pela corrida ser tão devagar.<br />
<br />
─ É como se eu nunca fosse me encaixar neste mundo. Teria alguém cometido tamanha maldade em me trazer para tempos sem a pureza dos clássicos? Oh, como esse vazio em meu peito há de ser preenchido? Que sensação é essa de querer gritar quando todos são surdos e quem vos fala completamente mudo às quatro da madrugada? Por onde andam os violinos tocados pela paixão? Seria a exterioridade tão poderosa a ponto de condená-los também?<br />
<br />
<a href="https://31.media.tumblr.com/b66bdf6885e64bec27ccfed0824aa2d0/tumblr_msi31dCrHk1seq1xdo1_500.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="179" src="https://31.media.tumblr.com/b66bdf6885e64bec27ccfed0824aa2d0/tumblr_msi31dCrHk1seq1xdo1_500.jpg" width="320" /></a>Nesta terra, o aroma é fresco, mesmo que ela seja antiga e esteja com vestígios de desleixo. Alguns sons me são familiares, o fogo agindo sobre essas novas texturas que não recordo o nome, mas que são pálidas e capazes de guardar qualquer mensagem. Até mesmo esta, a de um jovem com muitos anos preso em sua ampulheta.<br />
<br />
Perdoem-me, mas os grãos correm para os braços da gravidade, eles não me ofereceram cavalos velozes, não há como sair de um lugar tão insignificante, tampouco mapa para os meus serem guiados até aqui. Tão diferentes, me colocam para dormir com atrevimento informal.<br />
Me vestem de branco como a textura de mensagens como essa que tratei de registrar caso eu esqueça quem sou ou para a maior infelicidade do impossível, me lembrar de quem não sou no lugar que não pertenço.<br />
<br />
<br />
<br />Rafaela Fleminghttp://www.blogger.com/profile/12074084514790403210noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7768364079273248178.post-20756983805215889472014-04-30T00:10:00.003-03:002014-04-30T00:10:33.833-03:00Dance, silly poet.<br />
O homem é tão poeta quando observa<br />
o que é belo e invisível.<br />
Se estica para alcançar o que não vê<br />
e se encolhe para tocar o que desconhece.<br />
É a curiosidade sobre tantos frascos cujo<br />
aroma é singular.<br />
<br />
<br />
Quando o homem segura sua caneta e<br />
valsa com ela, o mundo sorri e lhe dá<br />
algumas horas a mais.<br />
Os poetas não dançam parados,<br />
mas sentados com os sapatos no chão,<br />
<br />
<br />
Escreveste um bilhete sem destino,<br />
ora, a quem devo entregá-lo, poeta?<br />
E sorrindo vem maroto com seus dentes<br />
brancos e maliciosos.<br />
Quem precisa de destino se a bússola<br />
de meus sonhos aponta para o papel<br />
mais próximo da mesa?Rafaela Fleminghttp://www.blogger.com/profile/12074084514790403210noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7768364079273248178.post-69273649486114452712014-04-08T18:53:00.003-03:002014-04-08T18:53:40.872-03:00Fire's planet.Hoje Marte está próximo de nós,<br />
não me abandones por nenhum segundo sequer.<br />
Posso ver Marte todos os dias<br />
em todas as coisas.<br />
Irei à Marte,<br />
e de lá prometo amar-te,<br />
dentro do mar regado à arte.<br />
Amar-te.<br />
<br />
<br />
<br />Rafaela Fleminghttp://www.blogger.com/profile/12074084514790403210noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7768364079273248178.post-2714219255427576392014-03-27T23:40:00.002-03:002014-03-27T23:40:43.934-03:00CicloQuando as noites ficam claras<br />
e as manhãs ficam escuras,<br />
a água desce amarga provocando efeitos endêmicos.<br />
Então deita em sua cama de modo não dormente.<br />
Mas sente! Cada resquício de desconforto com<br />
o peso em sua escápula.<br />
Descansa o teu atlas, talvez o quebre.<br />
Rasgue seus mapas, teus delírios, tua sina.<br />
Liberte a efígie de seus medos.<br />
Calafrios estendidos no hall dos militantes.Rafaela Fleminghttp://www.blogger.com/profile/12074084514790403210noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7768364079273248178.post-25934099125083707332014-03-06T16:20:00.001-03:002014-03-06T16:20:05.000-03:00Lã alfabética<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">Não sei rimar, </span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">não sei fazer poemas,</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">não sei falar de amor,</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">mas aos que choram por não</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">terem a poesia dentro de si, vejam</span><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #333333; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;"><br />como as palavras são mágicas e<br />mesmo sem saber tricotar letras,<br />assim o fiz, e eis aqui um casaco de escritas<br />quentes pra você não sentir frio.</span>Rafaela Fleminghttp://www.blogger.com/profile/12074084514790403210noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7768364079273248178.post-28195866671267590462014-03-06T14:29:00.001-03:002014-03-06T14:29:57.765-03:00Carnaval solitário<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">E de repente aquilo que era feliz </span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">passou por uma transformação surreal,</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">o contente já não tem mais riso,</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">amanhã não será mais carnaval. </span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;" /><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #333333; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;"><br />O ano começa para todos agora,<br />mas sem pressa, com demora,<br />ninguém precisa ter duas segundas feiras<br />às quatro horas de uma aurora boreal. </span>Rafaela Fleminghttp://www.blogger.com/profile/12074084514790403210noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7768364079273248178.post-81559692465619780782014-03-05T20:49:00.002-03:002014-03-27T23:41:40.823-03:00Stay a while<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">Fica um pouco,</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">senta comigo.</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">Tome alguma coisa,</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">mas não leve toda a sua presença consigo.</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">Ainda resta muita saudade comigo.</span><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #333333; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;"><br /></span><br />
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #333333; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17.940000534057617px;">Fica.</span><br />
Rafaela Fleminghttp://www.blogger.com/profile/12074084514790403210noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7768364079273248178.post-38132079889240106222014-02-22T23:16:00.001-03:002014-02-22T23:16:00.648-03:00A dor internaAi de mim por existir em tal mundo<br />
cheio de ternos e gravatas que sufocam-me a cada dia,<br />
pobre daquele que toma um café de máquina quando tem<br />
vontade de mastigar os grãos enquanto vai para casa.<br />
<br />
Ai de mim por ter aqui e somente aqui aquelas tristezas<br />
que refletem num espelho sujo e quebrado.<br />
Por meus irmãos que estão aqui confinados,<br />
que cada capítulo dessa vida miserável seja menos insuportável<br />
que o dia anterior.<br />
<br />
Ai de mim por não ser levado a sério, por ter que orgulhar<br />
a quem não quero, pelas notas e não números, pelas palavras<br />
e não salivas orais, pelo amargo teor de realidade.<br />
<br />
Ai de mim por não viver de poesia.Rafaela Fleminghttp://www.blogger.com/profile/12074084514790403210noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7768364079273248178.post-39155787266736289252014-02-03T02:16:00.002-02:002014-02-03T02:16:39.509-02:00Tela vivaPingos prateados,<br />
manchas cinzas,<br />
fenômeno da natureza auxiliando o processo,<br />
tela bipolar, não para de mudar.<br />
A cada doze horas, passa por uma monocromia<br />
inconstante.<br />
Quadro com alma, pintura surreal?<br />
Não. Só estive olhando para o céu.Rafaela Fleminghttp://www.blogger.com/profile/12074084514790403210noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7768364079273248178.post-45933917988964763722014-01-17T02:25:00.000-02:002014-01-17T02:25:51.683-02:00Olhos prolixos Tem dias que eu quero fechar meus olhos e ver o que o mundo tem de tão belo. Fechar os olhos para enxergar não é tão antítese quanto parece, pelo contrário, pessoas que não podem enxergar são capazes de ver através de outros sentidos que se tornam aguçados, deitar as pálpebras em uma derme absoluta não parece ser um breu total, afinal.<br />
Quanto ao meu repouso ocular, não se trata apenas de cochilo. é mais do que isso. Quero contemplar o que há de natural. Ver no escuro não é um bicho de sete cabeças, você pode enxergar manchas ou achar que está vendo fumaça colorida. E acredite, você não precisa de figurinhas de LSD para que isso se transforme em realidade.<br />
O belo está ali para ser desvendado como um bom mistério, Sir. Arthur Conan gostava de imaginá-los muito mais visíveis, pois seu personagem mais famoso conseguia ver coisas que as outras pessoas não poderiam ou que apenas não queriam ver por conforto.<br />
<br />
No chão por onde passo há várias pegadas, impressões digitais, cenas de crimes de séculos, há fios de cabelo com DNA de pessoas que eu não conheço. Há um universo paralelo de seres minúsculos, mas é claro que não precisamos ficar de olhos abertos o tempo todo para saber que eles existem.<br />
<br />
Uma das coisas que se pode usar quando nossa visão não nos auxilia é o tato. Foi através dele que eu notei que a água é uma boa amiga. Essa substância tão rica que nos é essencial prova sua lealdade cada vez que tomo um banho. Quando estou sentada no box com os joelhos dobrados, as gotículas de água tem duas opções de percurso: Ou elas tocam minha pele e escorrem por ela como uma carícia íntima ou batem em meus joelhos e se dividem. Noto pelos respingos que formam ao lado. Penso que ela é tão leal que em vez de provar de uma liberdade em uma superfície de um box cheio de vapor, ela prefere dividir-se em duas. Para ir embora pela metade e continuar comigo. Como uma despedida eterna, de passos que se vão e que voltam em um ciclo vicioso do qual o termo viagem sempre está distante.<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://data1.whicdn.com/images/58180928/large.gif" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://data1.whicdn.com/images/58180928/large.gif" height="179" width="320" /></a></div>
<i>"Olhai por onde passas, os passos que tens tão certos podem não ser corretos. Há uma ponte muito velha da qual a sua visão diz que não pode atravessar. A superfície balança com qualquer brisa, mas ela ainda está intacta. Atravesse, com pressa, com certeza? Claro que não, mas atravesse. Mesmo que alguns pedaços de chão caírem, mesmo que o céu pareça uma enorme janela, mesmo que a cortina seja a sua morte. Mas por teus passos tão certeiros, mais que prolixos, passos teus, passos meus, passos de quem por ali apenas passou"</i>Rafaela Fleminghttp://www.blogger.com/profile/12074084514790403210noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7768364079273248178.post-26422049197649329392014-01-16T02:52:00.000-02:002014-01-16T02:52:27.814-02:00Whispering noisesPassei a apreciar as noites em claro pelo silêncio terno,<br />
pelas vozes cheias de estresse e cansaço.<br />
É na cama que não ouço, é no berço matutino que não<br />
há problemas maiores que um lençol amassado ou<br />
um travesseiro gelado.<br />
<br />
Em prédios cujas luzes ainda se apagam, os passos<br />
são mais lentos, a gentileza floresce às duas horas<br />
para com o vizinho do andar de baixo.<br />
<br />
<a href="http://data3.whicdn.com/images/95368416/large.gif" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://data3.whicdn.com/images/95368416/large.gif" height="179" width="320" /></a>Não se usa salto e secador, usa-se o sussurro<br />
que nem é tão usado, mas que neste período está<br />
ficado em ser somente sussurro e não voz,<br />
um grito não ouvido, soluço comprimido.<br />
<br />
A madrugada nunca foi silenciosa.<br />
Só há a vontade de mantê-la calada<br />
na prisão de urros e delírios.Rafaela Fleminghttp://www.blogger.com/profile/12074084514790403210noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7768364079273248178.post-86525032134061090332013-12-21T16:45:00.000-02:002013-12-21T16:45:40.809-02:00Would you send me a letter every year? Há algumas datas que os seres humanos decidem riscar de seu calendário pessoal. Colocam tais datas na categoria trinta de fevereiro. Dias inexistentes que não servem para nada, que não serão somados naquela retrospectiva idiota de final de ano. Alguns dos dias que riscam geralmente estão no patamar de datas indesejadas. Riscar dias de falecimentos de parentes, de aniversários de quem nos magoou muito, ( Riscara o de Yoko por alguns anos) riscar datas comemorativas como o Natal e o Ano novo. Mas não o levem a mal. Santa Klaus também gostava de sua banda, ou deveria. Acabou riscando finais de ano por Linda, ela detestava a matança em massa que o dia de Ação de Graças, o Natal e o Ano novo proporcionava para os animais.<br />
<br />
Acabou pensando tudo isso enquanto a água quente descia do chuveiro, o banheiro todo possuía um aspecto de sauna. Quente feito aquelas viagens que George adorava fazer até a Índia. Viajar com os elefantes tinha seu preço, afinal. Mas ele não ligava, era como terapia. E se George estava feliz, Paul também estava. Após se despedir das últimas gotículas de água quente que tocaram sua pele, desligou o chuveiro, se enrolando na toalha da cintura para baixo. Pisou no tapete anti derrapante, (quando os ossos já não colam com tanta facilidade, é sinal de que devemos nos cuidar mais. É por esse maldito tapete que ele sabe que o tempo não para de correr) secando os cabelos rebeldes que teimavam em cair molhados em seu rosto. O espelho do armário a sua frente estava embaçado, coisa que o fez lembrar de alguns filmes que vira semana passada em que um grande assassino seria refletido assim que alguém passasse a mão sobre ele. Porém, decidiu abri-lo antes e escovar os dentes. Depois de terminar e finalmente fechar a porta, seus olhos focaram-se perplexos diante do espelho.<br />
<br />
Não havia nenhum assassino refletido, sequer havia desembaçado a superfície. O que estava contemplando era algumas palavras escritas a dedo. Como nos dias em que escrevemos palavras e desenhos nas janelas de carros em dias de chuva. Ali estava a letra a mão de John, com um humor que só ele tinha.<br />
<br />
<i>"Piso anti derrapante? Você está velho, meu amigo"</i><br />
<i><br /></i>
Não respondeu de imediato, não tinha como. Sentia a visão embaçada, mas sabia que aquilo era um sintoma e não mera contemplação daquela sauna, o vapor já havia se dissipado muito. Fechou os olhos e buscou na memória que dia seria aquele. Estavam em outubro... sabia, pois no dia primeiro cancelara uma aparição em algum programa que agora não se lembrara. Sempre seria difícil viver trinta e um dias de agonia. Novembro pelo menos era um mês de calmaria para sua sanidade mental. Que detestável eram aqueles dias em que não podia se trancar em um estúdio e tocar Here today por pelo menos vinte e quatro horas sem pausa. Lembrou-se de Ringo xingando ao final de Revolution, ele deveria saber a sensação de tocar algo por vezes seguidas. Mas a única diferença era que Ringo tocara por necessidade, e Paul por tristeza e saudade.<br />
<a href="http://data3.whicdn.com/images/91926062/large.gif" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="136" src="http://data3.whicdn.com/images/91926062/large.gif" width="320" /></a><br />
Antes que tua derme encostasse no vidro prateado, outras palavras se formaram, um pouco menores que as outras. Deveria escrever grande na primeira vez para que não passassem despercebidas, afinal de contas ninguém espera esse tipo de conversa a menos que se tenha muita imaginação.<br />
<br />
<i>"Gosto desse dia porque é quando você toca de forma pura. Eu estarei cantando com você ao lado do piano. Sabe de que lado... "</i><br />
<br />
<br />
Apressou-se em se trocar, saindo do banheiro as pressas. Ainda com o cabelo pingando, sentou-se em um banquinho, deixando espaço para que John se sentasse. Teclou as primeiras notas, tendo a certeza de que o vento da janela possuía uma voz singular, a voz dele....<br />
<br />
<br />
<br />Rafaela Fleminghttp://www.blogger.com/profile/12074084514790403210noreply@blogger.com3