sexta-feira, 8 de outubro de 2010

The lovely pillow

Estar ansiosa para algo é como esperar pelo aniversário. Sinto-me como uma garotinha de seis anos que só espera o dia de amanhã, não por fazer logo sete anos e entrar no primeiro ano da escola, mas sim para ganhar aquela boneca que eu tanto gostei na loja da esquina de casa. Porque quando eu vi aquela boneca, meus olhos encheram-se do mais bonito brilho. Sabia que ela deveria pertencer a mim, e mesmo que isso pareça um tanto quanto possessivo, não me arrependo em dizer que ela também me quer. Mesmo que não saiba. Eu espero por esse dia há meses, talvez há quase um ano. Um ano de esperanças, de decepções que me fizeram pensar se eu era digna de um encontro tão importante assim pra mim. Por muitas vezes eu vi uma garotinha abraçar seu travesseiro e acusá-lo de não lhe dar a devida atenção que merecia, o merecido conforto que sua mente precisava ter para relaxar. Agora vejo o quão boba ela era, não foi culpa de seu pobre travesseiro, foi o tempo. O tempo a deixou cansada, tão cansada que ela mesma não conseguia ver que poderia descansar, mas não. Ela já não queria descansar, queria descontar em qualquer um a frustração de uma decepção repentina. O caso é que não se pode culpar o inocente travesseiro. Ele que é tão delicado, tão fofo e tão querido que mal sabe quem você é. Ele só conhece os seus sonhos. Ele assiste seus sonhos porque na maioria das vezes está dentro deles. E tem acontecido isso sem intervalos, sempre e sempre ele é o alvo de seus pensamentos dormentes. Parece que ele sabe disso, parece que você vive falando com ele. E não fala? Não o olha por horas esperando que algum sinal venha? Um sinal que indique que ele é mais do que um apoio, ele é o motivo pelo o qual você está onde está. É, eu achava que travesseiros só serviam para dormir ou afogar as mágoas, mas pelo visto aprendi com um garotinha que ele pode ser meu melhor amigo. Sua maciez é como um abraço, sua textura como pele de veludo, seu cheiro como o doce perfume que aguça meus sentidos. A sensação que sinto quando estou perto dele vem de dentro, Acabo descobrindo que desejei por anos ter alguém, mas já o tinha. E ele é mais do que eu esperava, meu doce travesseiro... meu amante sedutor.

Um comentário:

  1. Parabéns pelo texto, boneca. Fortificar os sentimentos em um objeto abstrato é o caminho para a insanidade, melhor, essa insanidade do que a brutalidade dos homens para com os mesmos.

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