terça-feira, 9 de julho de 2013

Deteriorando

E me conhece tão bem a ponto de saber quando estarei pronta para pedir socorro, como quem espera até o último segundo para gritar quando tem a sua janela invadida por alguém ruim.
Por favor, honey. Não me deixe morrer essa noite.
Sou um galho seco que não quer abandonar a sua árvore.
Sou o último gole de leite que não quer sair dessa garrafa porque está confortável aqui dentro.
Sou um giz de lousa colorido, entre todos os brancos, que fora rabiscado tantas vezes.
Sou a última pétala de um trevo que um dia já deu sorte.
Sou mero pelo de pincel que já traçou telas e paisagens um dia.
Sou a última estrofe desse livro de trezentas e quarenta e três páginas
que você lê pela quinta vez.
Sou eu, a que teme pelo abandono, mas anseia pela vontade e o medo de ser livre.