quinta-feira, 1 de março de 2012

Wool deadly

─ Senhor!
─ Está tudo pronto?
─ Sim, senhor.
─ O tecido foi suficiente?
─ Devidamente, senhor.
─ Quantos estão vestindo?
─ Todos, senhor.
─ Sobrou mais?
─ Mais do que a metade, senhor.
─ Coloquem mais duas camadas. As que sobrarem, usem na cabeça de seus líderes. Fui claro?
─ Claríssimo, senhor!
─ Muito bem.
Heil, heil, heil!

Pátio sujo, empoeirado pelas cortinas de poeira que aqueles pneus novos estavam experimentando pela primeira vez, o barulho? Quase ensurdecedor. Motivo de pânico para todos quando os oficiais chegaram com suas camadas calorosas.
Um abraço fatal, a transpiração seria extremamente longa conforme o tempo, e quanto mais entardecia, mais quente ficava. 

Ar pesado sem ter massa. 
Garganta entre cortes sem nem sequer ser cortada. 
Mãos trêmulas sem uma sensação térmica exata.
Dor sentida, porém inexistente.
Sufocamento proposital, mas sem plumas para cobrir suas narinas.

Desidratação! Assim seria a morte de todos aqueles que não faziam parte da raça superior. Lã em pleno Rio de Janeiro, à 40 graus Celsius na praia de Ipanema.

Ele sairia de havaianas e coquetel, sugando o líquido gélido que mais parecia elixir da vida.

Assim seria o Holocausto, se Hitler fosse brasileiro.


"Diga-me o nome da pessoa que garantiu um tempo bom. Que ela não apareça em minha frente, pois meus atos não serão nada cautelosos. Cautela serve como adoçante para meu chá, que por sinal, não posso degustar neste momento."