sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Please, more wood

Era tão diferente daquilo que eu estava esperando. Havia imaginado, feito memórias falsas em minha cabeça de como realmente era. Decepcionei-me com a construção. Ou seria reforma? Teria sido do jeito que eu imaginava? Então talvez... as memórias não fossem tão falsas assim. A multidão imaginária estava lá, não havia ninguém para preencher o vazio de suas paredes. Claro, tirando três mulheres. Duas cumprindo funções, e uma perdida, assim como eu. Estaria ela perdida em plena decepção? Bom... Às vezes lamento por falar tantas verdades, mas esse é um dos casos em que não posso faltar com a sinceridade. Já é uma marca. Um reconhecimento pessoal. Faltava madeira, luzes de lampião e pessoas sedentas, mortas de desejo.
Nada. Nem uma única alma que pudesse salvar o lugar da solidão.

A solidão é muito mais triste quando ainda há pessoas em determinado lugar. Torna-se solitária por carência, ganha o ar fantasmagórico que eu tanto temi. Seria ela assim, quando uma grande mulher adentrara para buscar algo em meu favorecimento?  Não sei dizer, eu não havia ido. Muito ocupada para fazer esse passeio diferente. Em pensar que há tempos, muitos lutavam para poder estar lá.
Que grande ironia...
A impressão que tive foi de que passaram anos... E quanto mais anos passaram, mais ela ficou modernizada.

Quem cometeu esse crime com aquele lar? Não era para ter sido assim. Gostaria de não ter visitado, de estar com aquelas mesmas memórias falsas. De recomendá-la para alguém que fosse tão nostálgica como eu.
Poderia ser um grande lugar para alguma pessoa que realmente quisesse estar lá.
Não compreendo... O tempo passou dessa forma tão traidora.
É incrível querer segurá-lo, e eu quero. Quero pará-lo, desfrutar de algumas raras peças que logo, perderiam-se no futuro ingrato.

"Perdi meu relógio. E foi na hora em que eu mais precisava. Como eu sabia as horas? Olhei para o céu, lembrando das aulas de geografia. O sol estava em algum lugar no canto do céu, e eu sabia que horas eram. Talvez eu não precise tanto daquele relógio, ou de qualquer relógio que seja. Mas ele era especial. Alguém havia me dado para que eu pudesse lembrar, ao ver as horas, se estava muito cedo ou muito tarde para poder voltar pra casa. Estava cedo, embora meus passos não ajudassem para que eu fosse chegar no horário certo. Será que as horas estavam mesmo ali? Será que essa porra de mundo está girando para o lado certo? Eu não faço idéia. Gostaria de ter alternativas, pelo menos chutaria, como faço em algumas provas. Não posso chutar a vida, o mundo e muito menos o tempo. Se eles me chutarem, doerá muito mais, não é? Sorte que tenho curativos, amigos. Eles procuram curar os ferimentos que pessoas distantes não podem ver e nem sentir. De qualquer forma, eu preciso voltar para casa. Afinal de contas, essa biblioteca não é mais como eu imaginava. "