quinta-feira, 15 de julho de 2010

Old times.

Para os amantes da arte, hoje eu irei lhes perguntar uma coisa. E se você não for um artista, mas sim um simples apaixonado pelo tempo, também irá me entender. Conhecem o efeito "foto antiga" de alguns programas para edições de fotos? Pois bem, eu imagino que lá para os anos noventa, tudo era assim. As pessoas eram simpáticas, ouviam coisas boas, os cabelos das garotas tinham um corte diferente. Notaram que ninguém precisava alisar o cabelo? As pontas eram desfiadas, os rapazes só se importavam com carros e jaquetas de couro. Quem tinha a maior cara de machão, levava a gata para ir ao cinema na sessão da matinê. E quem sabe, muito raramente, ganharia um beijo na porta da casa dela. E isso não é cena de cinema, acontecia mesmo. Eu acho que o ar era amarelado, bem parado. Como se ele pudesse andar por aí, derretendo as frustrações dos jovens. Porque levar um F em qualquer redação era um caos para os pais. Mas a festa continuava para os jovens. Bebidas, cigarros, discos, couro, all star, drogas, sexo. Tudo estava relacionado com a falecidade de cada um deles. O mundo estava mostrando as suas primeiras injustiças, mostrava também a capacidade de fazer as pessoas voarem. Eu sinto saudades dos carros com bancos de couro, tão personalizados quanto seus donos. Sinto falta de como era bacana beber até a madrugada com os amigos, sem se importar se amanhã era segunda ou terça-feira. Os álbuns de figurinha, os lançamentos de músicas inéditas nas rádios. Porque nesse tempo não existia celular, mp3 ou computadores. Os ouvintes ligavam e choravam pedindo alguma canção amada. Imploravam por ingressos de shows que jamais foram esquecidos. Cantavam alguma canção no meio da rua. Um começava sempre, e quando os outros notaram... eram milhares de pessoas cantando a mesma coisa, como se fosse um hino. O hino da liberdade. As fitinhas nos pulsos gritavam pela paz e pelo amor. As cafeterias eram lotadas, todos queriam um café depois do trabalho. Andar de bicicleta era o meio de transporte mais rápido e seguro, e se você caísse... era só passar um remédio que era vermelho, parecia sangue. Ardia demais. Em dois dias já estava sarado. As fotos antigas provam o que estou dizendo. Os bailes formaram os casamentos de quarenta e tantos anos que vemos hoje. As praças eram mais verdes, as árvores mais fortes. As flores mais puras, os pássaros cantavam mais. O chocolate era mais doce. O cheiro da chuva era mais intenso. A luz da lua era mais brilhante e romântica. O colégio era uma boa fase. As fotos eram momentos. Os namorados eram loucos. As festas viciantes. O leite da Parmalat era único. Saudades desse tempo, dessa época que eu nunca vivi.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

A day to remember.

Os dias comemorativos são importantes para quem? Fanáticos pelo natal? Profissionais frustrados por ganharem pouco e não serem felizes com o que fazem? Tem dia para tudo. Dia de parentes, datas comemorativas, descobrimentos, prevenções, liberações, combates... É impossível existir um dia de nada? Absolutamente nada? Porque as vezes eu me pego pensando em coisas assim. Tudo tem um significado, se dizemos alguma coisa, qualquer pessoa pode interpretá-la ao seu ver. Saem entendimentos absurdos, outros que não chegaram perto da mensagem que queríamos passar. É difícil dizer o nada. Está em uma constante transformação. Certa vez eu vi alguém chorar porque as palavras de um outro a cortaram. Foi crueldade ou fragilidade? Só o que me restou foi dar alguma espécia de conforto. Eu lembro de fatos não tão distantes, mas também não tão recentes. Eles foram intensos, o suficiente para me fazer mudar meu ponto de vista. Realmente, palavras são como gestos, ficam na memória. Diferente das fotografias. Elas desmancham com o tempo, se perdem na lembrança, no passado. Mas o timbre de alguém especial fica, e acaba ficando conhecido. Um tom diferente, ousado, bonito, maluco. Hoje é o dia desse timbre, que venha o rock 'n' roll.