terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Reborn

O céu tinha cor de champanhe caro quando os raios de sol cansados por brilharem o dia todo estavam se despedindo da janela de madeira. O clima era quente, como já esperado e um tanto odiado naqueles tempos que não havia nada a não ser sorrisos forçados. Parecia que depois de uma viagem incrível por tantos lugares com céus que mais pareciam uma aquarela infinita, havia o momento de voltar e encarar a realidade: Da cor que realmente era e da cor que um karma lhe teimara em determinar. Obstáculo petulante que ousa em não lhe deixar ser feliz, mas por hora, acostumado e sentar-se ao seu lado para contar suas razões de aborrecer. 

Inspirou a umidade do ar que já não era muita, conforme os anos se passavam, a impressão que dava era que o ar ficava mais lamacento. Impregnado com a ganância de sua espécie, mas tímido ainda por não apresentar as expectativas de seus sobreviventes. É estranho desejar o mesmo cenário e mais ainda por não querer nunca mais pisar ali.

Pálpebras dançaram próximo da testa e o corpo caiu no piso frio, alucinando em meio a uma convulsão epilética que seu cérebro pregou. Abriu-os por fingimento e constatou que o passado havia voltado e se transformou em um grande telão de cinema. Grande classe de poltronas, mas era preciso apenas uma para assistir ao espetáculo. O enredo foi a si mesmo, mas eram atores diferentes. Aquele que tinha de ser seu olhou em seus olhos (ou para a câmera que o estava filmando) e sorriu um pouco antes de arranhar as bochechas com as próprias unhas e conseguir líquido suficiente para desenhar com os dedos da mão esquerda na transparência de vidro.



"Renasça"