sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

If you're going, wait

Era uma tarde muito clara de primavera, o campo perto de sua casa estava enfeitado das mais belas flores já vistas. Violetas e rosas, mas sua favorita eram as tulipas azuis.Para fazê-la sorrir era preciso um grande esforço.

No começo do ano ele a conheceu, em dois dias se apaixonou. Em três semanas começou com os poemas. Julgava-se um amador, um pseudo poeta que não sabia fazer mais nada se não escrever suas palavras para ela.
Sua professora por vezes escondeu seu encanto, dizendo para parar de ser tão crítico consigo, era um artista. Possuía palavras tão fortes que essas entravam nos sonhos da professora, como cenas provocantes.

Pensou em deixar o colégio, pensou em fugir. Era difícil vê-lo sofrer em palavras. Oh sim! Ela sabia que ele tinha um platonismo do tamanho de sua genialidade. Como era difícil saber que ele passava a madrugada toda elaborando os mais belos poemas para alguém que não o enxergava.

─ Então, por que está esquecendo das vírgulas?
─ Eu... não prestei atenção. Desculpe.
─ Como posso avaliar teu texto sem uma gramática formal?
─ Faça... o que achar melhor. ─ Respondeu, em um bocejo exausto.
─ Quanto tempo está sem dormir?
─ Hum? eu não sei.
─ Isso não pode continuar, por favor. Esquece-a, ela não merece tudo isso. Olhe para você, era tão doce com teus poemas, e agora o que é? Está amargo.
─ Eu não queria que fosse assim, mas é.
─ Você pode mudar isso, não pode?
─ Não posso. Sabe que não.
─ Está se destruindo, é tão horrível vê-lo assim.
─ Não veja.
─ Não posso fechar meus olhos, eu te vejo em todos os lugares.

Um baque. Por essa ele não esperava. Suspirou, levando a mão aos cabelos rebeldes que possuía. Olhou para as paredes, para o quadro branco, para as folhas de papéis em sua mesa. Mais do que nunca ele queria escrever, escrever sobre o que havia descoberto. Sobre o que pensava a respeito.
O mundo estava começando a engoli-lo com uma velocidade maior, sentia um grande buraco em suas costas pronto para apanhá-lo.
Voltou para aquela sala de aula, fazendo contato visual com a professora.

─ Não posso esperar por ela, e nem você por mim. Eu lamento tanto!

Beijou-lhe a face, deixando o colégio pela última vez. Isso a preocupou, eram férias e só o veria no mês que vem. Estaria ele curado daquela paixão? Por vezes pensou em mostrar os poemas para a garota, mas ela não era do tipo que gostava de um bom cérebro, apreciava os músculos.

Um dia apenas... ele tinha um dia. A noite veio e o envolveu com sua escuridão. Demonstrou o que possuía, um buraco no coração. Exatamente como em seus poemas, e agora fisicamente com uma bala.
Matou-se por amor, matou-se por rancor, matou-se por culpa. Quem era ele para despertar algo tão horrível na pessoa que se apoiava? O amor era um veneno, e desse veneno iria morrer sem deixar mais vítimas.

A notícia chegou, mas a razão era desconhecida. Só uma pessoa sabia o motivo, e via que a morte em vão não poderia nunca ter uma paz eterna.
Juntou todos os poemas, guardou-os em uma caixa. Direcionou-se para o carro, dirigiu e dirigiu. Uma chácara.

─ Você?
─ Eu preciso falar com você.
─ Eu já soube, aquele maluco se matou. Ninguém sabe porque, pra mim ele usava drogas.
─ Uma droga bem ordinária.
─ É, mas o que eu tenho a ver com isso?
─ Toma.
─ O quê é?
─ Todos são sobre você, saiba que tipo de droga o matou.

Abriu, leu o primeiro. A caixa foi para o chão, espalhando os outros pela sala.

─ Eu sou a droga?
─ Alguma dúvida?
─ Eu não... sabia. ele nunca disse.
─ Ele sempre disse da maneira dele.
─ Quer que eu me sinta culpada? Olha, eu não tenho culpa, tá legal?
─ Não é para sentir-se culpada. Agora sabe porque tudo aconteceu, você tinha que saber. Tudo seria em vão se fosse em segredo, ele deveria querer que você soubesse.
─ Não adianta mais.
─ Não.

Foi embora. Voltou, voltou. Na caixa de correio um envelope. Na sala, a mesma caligrafia:

Eu não tive coragem, eu não podia mais permitir que outros enlouquecessem como eu. Me perdoe, eu jamais quis lhe causar dor, mas se eu for embora, você irá me esquecer. Agora dói, amanhã também. Semana que vem não mais, só preciso que viva o primeiro dia, os outros virão.
Eu fui covarde, lamento por isso. Dediquei tantos à ela que esqueci de quem os lia. Me perdoe de novo, eu sou um imbecil e quero fazer as coisas direito.
Esse é o último, e lhe juro que o receptor é quem acompanha essas linhas.

"Estou indo embora para longe, tão longe que você não irá me ver,
mas isso não significa que eu estarei longe de você.
Não notei sua aproximação, é que simplesmente tinha
algo em meus olhos. 
Meu coração... Agora bate por outro alguém, logo
não baterá por ninguém.
Mas a última batida dedico a ti, pois entre muitas 
das quais tentei me envolver, só agora vi que te conheci.
Alguém além da seriedade de um professor, alguém que como
eu, poderia sentir o amor.
Esse amor está queimando há tanto tempo que precisei esfriá-lo,
não siga meus passos, pois nesta tentativa só consegui matá-lo.
Olhe para o mundo, ele irá amar você. E quando parecer que não
ama, feche os olhos. Em cada lugar que for, eu estarei sempre
com você."

P.S.: Agora que terminei meu último poema sinto-me livre, embora queira escrever mais sobre ti, não posso. Chegou a hora de partir.

Lágrimas. Papél molhado, amassado e admirado. Queimou-o com o fogo de uma vela. Só ela saberia o que responder. E já que ele estava em outro lugar, precisaria se mudar.


Uma faca, um pescoço machucado. A luz se foi de seus olhos, não poderiam mais estar separados.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

I can't say hello

Quem nunca deixou que os limites da paixão atravessassem uma tela de computador que atire a primeira pedra. Parabéns, se você atirou uma pedra, és mentiroso. Pois eu não conheço ninguém da geração "tecnologia" que não tenha se deixado levar por uma paixão como essas.

Não é saudável, mas é gostosa de viver. Acreditem, ainda mais se for correspondida. E quando não é... bem, o problema começa aí, certo?
Um platonismo é algo da adolescência, provavelmente muitos aqui já se apaixonaram por professores (as), totalmente normal! (Estagiários também conta, quem nunca ficou sem ar com o de biologia?!)

Acontece que amor platônico com pessoas que vemos todos os dias é melhor de se viver, por incrível que pareça. A desvantagem, claro, é que sempre será um amor platônico. Não vejo muita graça se deixar de ser, só se fosse por uma razão: recíproco.

Posso contar nos dedos as pessoas que conheço que sabem o significado dessa palavra. Triste, não? Também acho.
Mais triste que isso é ver alguém online, e não ter coragem de dizer oi. Soaria como: 

"Eu sinto a sua falta, fale comigo. sou carente", 

ou é melhor esperar que ele diga "oi" e pense: 

"Ela nunca me dá oi, devo ser um chato."

É tão difícil saber o que se passa na cabeça da pessoa que gostamos.

E inevitável tentar prendê-lo (a) com nossas conversas sobre coisas que agradam. Ah! Temos um dicionário no coração com suas coisas favoritas. É tão difícil nos segurarmos para não puxar papo, tão difícil tentar esquecer quem está longe, e fácil esquecer quem está próximo.

Me diga qual foi o seu truque, pois em todos os anos de minha vida, eu jamais me senti tão escrava da saudade.


Platonismo é algo marcante, saudades torturante, e meu sentimento por ti é relutante.