segunda-feira, 18 de junho de 2012

Be brave


Se ele fosse um lunático, que mal teria? A Lua é tão admirável que desprezar seus tão sonhadores habitantes, parece muito contraditório, não?

─ Querido, feliz aniversário! Suas nobres tias da Escócia lhe mandaram presentes!
─ Obrigado, mãe. É mesmo? Vou ligar para elas agradecendo assim que voltar.
─ Muito bem, agora vá. Seus amigos estão te esperando. 
─ Ok, tchau.
─ Tchau, meu amor!
─ Bom dia, senhor.
─ Bom dia, meu rapaz.
─ Bom dia, senhora.
─ Bom dia, filho! Ah, esses jovens quando sentam ao nosso lado, mal olham nossa cara. Sua mãe te criou bem!
─ Obrigado, senhora.
─ Que gracinha!

Dentro de todas as normalidades, tudo estava no plano de rota. E as coisas eram boas assim, mas a gente sempre espera por algo novo, não é? E acreditem ou não, pode ser bem surpreendente.

─ Eu vou descer.
─ Mas não é a sua parada, menino.
─ Não importa, eu vou descer assim mesmo.
─ SENHOR! SENHOR!
─ Mas pra quê tanta gritaria, meu Santo Deus?
─ De onde ele vem?
Isso aí?
─ Sim, senhor. De onde?
─ Ah. Comprei em um leilão. Mas não presta! Tem medo das pessoas, atacou vários espanhois.
─ Ele veio da Espanha?
─ Sim, das grandes touradas! Mas acabou se escondendo e o antigo dono não quis mais!
─ E teve mais?
─ Que nada! Todos viraram troféu.
─ Quanto pagou por ele?
─ Olha, moleque... Eu não vou vender ele. Deu trabalho pra mandar trazer! 
─ Quanto pagou por ele, senhor?
─ Duzentos euros.
─ Eu compro.
─ Eu não estou vendendo.
─ Eu compro do senhor por quinhentas libras.
─ E você lá tem quinhentas libras na sua casa?
─ Em casa não, mas no meu bolso. Toma.
─ De onde você tirou?
─ Minhas tias me deram.
─ E por um acaso você é rico?
─ Não. Elas moram na Escócia. Casaram com condes.
─ E por que te deram todo esse dinheiro?
─ Pelo meu aniversário.
─ E você vai gastar tudo com isso aí? Não deveria estar comprando roupas, sapatos ou coisas assim?
─ Não. Eu deveria gastar com o que achasse melhor. Então, temos um acordo?
─ Pense bem, não vou lhe devolver o dinheiro!
─ E nem eu o touro!

─ Por que você demorou tanto? Achei que íamos ver aquelas guitarras!
─ Você tem alface aí?
─ Aqui? Em casa? Por quê? Você não almoçou?
─ Almocei, o coragem que não almoçou!
─ Quem?
─ O Coragem, George. Eu não sei o que dar para ele...
─ Quem é Coragem, Paul?
─ Meu presente!
─ Mas que...
─ Olha.
─ VOCÊ.... Comprou um touro?
─ Comprei. O antigo dono dele era rude.
─ E como devem ser? Deus, Paul! Sua mãe vai te matar.
─ Por quê? Ela disse que eu poderia comprar o que eu quisesse.
─ Mas se você queria um animal, por que não comprou um cachorro ou adotou?
─ É que o dono dele estava incomodando o Coragem. Ele passou por muita coisa já.
─ Ai, ai. Acho que tenho alface na geladeira.
─ Maravilha, Ge! Você é demais!
─ Ouviu, Coragem? O almoço tá pronto!

E Coragem viveu tão feliz, que passou a média de seus descendentes espanhóis. Todos os dias demonstrava gratidão. E o menino de expressão serena, amou o seu presente como nunca amara outro. Era seu aniversário e sabia que tinha alguém para comemorar.