sexta-feira, 18 de maio de 2012

Drawing the wall

Você já ouviu falar em sanidade? Desde quando essa palavra é familiar? Se for dizer que ela se tornou familiar quando você começou a ler livros, escrever ou assistir séries, você está errado. Porque ninguém sabe quando ou onde a palavra sanidade invadiu a sua vida.

O que é ser sano? Quando crianças, falamos sozinhos o tempo todo. E isso faz com que as pessoas ao seu redor te achem interessante, um gênio ou apenas criança. Mas se um adulto começa a exclamar palavras pelo ar, ele não é sano. Ele é insano.

Estranho, não é? Como algumas coisas mudam quando a gente cresce. Falar sozinho na infância é algo normal, mas a maturidade não tolera esse talento, ela o expulsa da sociedade. E você acaba preso em uma camisa de força, dentro de um lugar. E quanto mais sua voz for usada para ninguém, mais ela não terá valor. Pois ninguém tem seriedade numa conversa de loucos.

É confuso o modo de vida que as pessoas aderem quando ficam adultas. Outras preferem fugir das responsabilidades, tornando a vida mais imprevisível, mesmo que a diversão um dia acabe e eles tenham de ouvir o relógio despertar.

No mundo dos sérios, as artes ficaram para trás. E há muito tempo, (muito mesmo) que não seguramos um giz de cera, uma folha de papel colorida e brincamos de inventar o sistema solar. Já não há mais casas com telhado laranja, já não há estrelas azuis, nem luas lilás, muito menos cavalos caramelos.

Hoje só existe o cinza, que apesar de muito elegante, não combina com nada, a não ser que desenhemos muitos elefantes. Você os faz?

"Veja. Juntei todos esses pensamentos para você ler. Tem coisas boas, más, outras tolas. Tudo está amontoado aí. Não tive tempo de organizar. Só queria que ela ficasse com alguém. Estou partindo para uma viagem, vou demorar para voltar. E meus pensamentos novos não cabem ali se os antigos ainda estiverem ocupando algum lugar. Não estou me desfazendo deles, é um empréstimo. Cuide bem deles, voltarei para buscá-los. Achei mais prático do que comprar uma mala maior. Lhe mandarei alguma carta, um pensamento aleatório, talvez de Paris, mas saiba que nenhum será tão valioso quanto esses aí. Meus pensamentos de sempre que deixo para você vigiar. Cuide deles, eu insisto. Pois neste mundo, tem muito louco querendo resquícios de algo cultural. Não deixe, seja egoísta. Pois a minha tortura interna é saber que eles ficarão longe de mim."