quinta-feira, 15 de março de 2012

Can I buy an object?

Por mais que ela tente se acostumar com o mundo em que vive, nada parece dar muito certo ou fazer o menor sentido. Todos os dias parecem ser o repeteco do mesmo dia de dois mil e alguma coisa. Aquele de semana passada em que ela não viu que passou ou que simplesmente ignorou por descuido e colocou a data errada naquele documento ou mesmo em uma simples folha de papel.
Por que os dias andam tão iguais uns aos outros? Seria algo distante da realidade ou longe demais da fantasia? Não se sabe, mas de qualquer forma tudo parece ser o mesmo do mesmo que foi há um tempo.

Nada é novo, isso é frustrante. As pessoas também não são novas.

Ela aprendeu que a denominação perfeita delas é objeto. Umas fazem as outras assim, e tem outro grupo que prefere ser denominado desse jeito por escolha, são apenas objetos.

Ela muda um de lugar porque acha que fica melhor ali.
Ela quebra um por acidente, mas gosta de ter quebrado internamente porque não gostava de seu material.
Ela observa os traços, sente a textura, nada lhe atrai.

Existe muitos objetos no planeta. Os que mais se destacam são os objetos de fingimento. Aqueles que você compra em uma loja porque acha engraçadinho, mas acabam tendo uma inutilidade que só serve para ganhar espaço de algo que poderia ser melhor.

É a obrigação de ser gentil.

Por que a denominação de férias exige sol, praia e calor? Por que você é obrigado a sorrir diante de tanta coisa errada e ter que ser censurado quando a sua palavra vale a pena?

Por que os objetos resolvem mudar?

"Esses dias eu passei por um parque bonito. Lá encontrei uma folha simpática que me disse o quão chateada estava. Sua árvore a expulsou porque o outono estava chegando. Ela me disse que estava seca, mas que se bebesse a água da chuva iria se desintegrar. Ela também se lamentou pelos amantes das estações frias, pois sabe que é ruim ter de aguentar um fardo natural, mas é preciso. Perguntei o que poderia fazer para ajudá-la. Logo, sua expressão tornou-se brava. Pediu para que não a colocasse jamais em um caderno, pois não queria ser amassada. Queria morrer. Digna de todas as folhas, partes de si iriam voar e voar. Direto para as montanhas avisando que era livre. Pensando bem... até que ela adora esse outono que vem por aí."