sábado, 25 de fevereiro de 2012

Let me speak for you, guys

IT'S BEEN A HARD DAY'S NIGHT AND I'M WORKING...
─ Como consegue cantar depois desse show, George?
─ Estou num puta pique, vocês não fazem ideia.
─ E por acaso andou tomando aquele ácido que deixei na pia?
─ Não, John. Haha, ainda não!
─ MEIA NOITE, MEIA NOITE!
─ E o que tem, Paul?
─ Por Deus, vocês! Ringo, abra a cachaça!
─ Não brindaremos com chá?
─ Claro que não! Nem em xícaras brindamos com chás, não chá puro...
─ Hahaha, malandrinho!
─ Quem quer começar a falar?
─ Vá você, John.
─ Por que eu? Você conhece o George há mais tempo.
─ Vá logo.
─ Suas bichas! Nem a porra de um discurso vocês conseguem fazer eu vou!
─ Mas...
─ É com muita honra que eu dedico essa noite e farra à você, querido amigo. Que consegue fazer solos incríveis, por favor, sem piadas. Que está sempre atrás de saias e meias sete oitavos, que adora uma boa farra e consegue ter a fama de quieto. Você! Que é amado, idolatrado e muito querido por nós, da maior banda do mundo, ou pelo menos do nosso mundo e de mais de meio milhão de pessoas. Elas te amam, nós te amamos e desejamos um feliz aniversário!

Aplausos.

─ Eu não faria melhor!
─ Nem eu.
─ O cara tem talento.
─ Obrigado, eu ensaiei para dizer na formatura, mas não fui o orador.
─ E agora usou consigo mesmo? Foi tudo decorado?!
─ Bem...
─ FILHO DA PUTA!

"George parecia uma pena. Leve, delicada, arrancando sorrisos de todos e dando esperança para as pessoas que não acreditavam poder voar. Ele podia. Voava alto e mostrava que solos eram o remédio de muita amargura e solidão em pleno ápice de abismo inevitável. Por um mundo com mais Georges, ou pelo menos algo parecido."



terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

The suicide window

É barulho nas ruas, gente bêbada, pessoas trepando no meio da rua, cornetas, fogos, sujeira, cheiro de... carnaval.
Não preciso dizer que é de meu extremo desagrado essa maldita data. Por quê? Muitos se enganam dizendo que o Brasil é o país do carnaval, a festa em si veio da Grécia. Mas claro, os brasileiros foram lá e deram um jeitinho para transformar marchinhas em putaria, bundas, peitos e samba. Lindo, não é?

A minha teoria é de que algum grego filho da puta veio aqui e resolveu animar as pessoas com uma festinha. Maravilha! O castigo desse grego deveria ser a crise na Grécia, se bem que... é, ele já foi castigado.

Há uma obrigação ridícula em ter de apreciar a cultura brasileira. Então eu pergunto: Que cultura? Carnaval não nasceu no Brasil. Só aderiu-se festas de outros países para ter algum tipo de "cultura globalizada" aqui. Festa tradicional brasileira seria se fizéssemos algo no aniversário de Machado de Assis, ou mesmo relembrar e festejar como estudantes lutaram bravamente por seus direitos na época da ditadura. Aí sim, seria uma festa tipicamente brasileira.

Mas não. Ninguém está com vontade de ler literatura ou história, as pessoas querem sair na rua, se divertir com a desculpa de que o ano só começa depois do carnaval. E se não existisse carnaval? O ano começaria quando? Depois da Páscoa?

"Sou um vidro. Eu vejo tudo quando a luz me deixa ver. Hoje vi que as pessoas estão menos despreocupadas, estão festejando algo que se forem questionadas, não saberão responder. O estranho disso tudo é que elas gostam de parecer burras e ignorantes. Me dá um aperto nesse meu coração espelhado, por quê? Na minha época de janela sessentista, tudo era mais calmo, tranquilo e bonito. Hoje vejo mulheres e suas vergonhas a mostra, vejo homens cortejando-as de forma vulgar, também vejo o semblante de alguns idosos, tristes... Tudo foi banalizado! Tudo! Ninguém pensou que o caos poderia acontecer. Fiquei com raiva quando soube que iriam me transportar para ser a proteção de uma janela em um carro alegórico. Me revoltei, e assim me suicidei. Cacos de vidros por todos os lados. Prefiro ser o novo amor da vassoura e da pá do que trair meus princípios e virar piada cultural."