quinta-feira, 16 de agosto de 2012

A pseudo-analysis

Se ela é tão equilibrada, seria eu deficiente do labirinto? A figura feminina que rodopia feito peão, mas que é mais graciosa do que um objeto que custa pouco.
Talvez a cidade não seja maravilhosa, ela não é nada comparada ao seu bom humor quando entra na loja de discos, nem mesmo os bordéis mais tradicionais são tão eróticos feito o seu cruzar de pernas.
Há uma linha tênue, quase invisível  entre os girassóis e seu sorriso ao deliciar-se com suco de laranja.
A biblioteca Nacional do Rio de Janeiro abandonaria suas prateleiras para que pudesse ser tocada pela curiosidade que há em seus dedos.
Se fosse nascida, a revolta da Chibata não ocorreria por castigos físicos. Que marinheiro não gostaria de apanhar por ela? Se pedisse, uma âncora seria colocada no lugar do Cristo só porque ela adora a moda náutica que Coco Channel criou nos anos quarenta.
Se seu vestido voa, não há nada que ouse se mover, ela não faz ideia de seu poder.
Frequento uma loja de discos desde a adolescência, tento conseguir um sorriso do dono desde então, na época boêmia as prostitutas pareciam o símbolo ideal de erotismo.
Os girassóis se movimentam por um amor platônico pelos raios ultravioleta, as laranjas que escolhi apodreceram antes do meu notar.
As folhas dos livros me cortam e sua poeira serve como defesa para minhas mãos grosseiras.
Nenhum marinheiro apanharia por mim, mas me arrebentariam se eu resolvesse mudar o Cristo de lugar.
Quando caminho, panfletos inúteis são jogados em meu rosto.


Ela é um anjo porque eu sou um demônio.