segunda-feira, 31 de julho de 2023

Transposição

 

Ah! Meu traumatismo craniano

que ninguém via, mas em mim doía.

Ninguém sentia enquanto eu sangrava

vagando pelos corredores sem rumo,

com mapas em sonhos, mas sem destino leve.

 

Que desejo obsoleto em conhecer a cidade.

Ah! Quem diria que meus passos levariam

anos até saírem do lugar?

 

E que liberdade era essa que eu via na Tv cultura

comendo biscoito, mas em mim não batia nada,

além dos insultos contra minha geração e em pró da ditadura?

 

Gritando calada, suportando o peso da maçaneta

que trancava minha alma e meu ser nas luzes brancas

e doloridas das quatro paredes que zombavam de mim?

 

E então fugi para o conforto das luzes amarelas,

margaridas, sol, ouro com dourado,

quebrei as portas e janelas sem violência,

protegi minha pele sem me esconder,

vagando em liberdade plena

pelas ruas desconhecidas,

tomando sorvete

com o amor da minha vida.