quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Tales counted

E se o mundo fosse um conto de fadas?

Se os séculos pudessem voltar, se as cortes voltassem a existir assim como as masmorras frias e escuras. Até mesmo em nossas fantasias temos de ter momentos trágicos.
Me pergunto onde estariam as obras perdidas, aquelas que foram destruídas pelo ódio e outras pelo tempo.
Cifras, pinturas, fitas, vestidos e cavalos.

Por que tantos cavalos tiveram de morrer para levar a guerra ao seu destino?
Quantas espécies perdidas... A extinção nasceu ali, na falta de escolhas que poderiam mudar as nossas vidas.
Lutar pela paz de seu povo não é iniciar massacres, é errado.
O termo aplicado pode ser mudado, basta andar com os próprios pés, respeitar seus limites.

"Haveria guerra se os homens não pudessem cavalgar? Andariam suportando o sol, o frio, o calor e as tempestades com a velocidade reduzida? Estou exausta e não posso lutar, meus inimigos andaram tanto quanto eu, não vale a pena. Nossa humanidade grita, estamos no limite, sem forças para continuar com esse absurdo. Estou exausta, sim! Mas não me apetece o egoísmo de guardar esse devaneio somente para quem vos fala."

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Scratching days

O ano está acabando, se duvida disso basta olhar o calendário que você ignorou o ano todo, e de repente começou a analisá-lo, fazer X nos dias que estão passando, notando que tudo está correndo depressa demais. Tem gente que não acredita que o natal acabou, continuam a pensar que no próximo sábado ainda é data comemorativa. Seria? Um ano novo é motivo para ser comemorado? Penso que todos os primeiros dias do mês  deveriam ser comemorados, pelo menos teríamos mais feriados para fazer qualquer tipo de besteira.

Emissoras continuam a fazer retrospectivas de fatos marcantes no ano. Pessoas que morreram, o progresso do país na política, no futebol, no cinema, na música, e até mesmo nas tragédias. Se a retrospectiva fosse minha, começaria por uma mudança de horário, depois nas pessoas maravilhosas que conheci, uma tendo seu contraste entre tantos da mesma cor. Mas nem tudo são flores, como alguém um dia disse. Uma boa borracha poderia apagar os vestígios de mágoa, de mentiras, de traições e de dupla personalidade que conheci neste ilustre ano de 2011.
Eu diria que a personalidade em dose dupla é a que mais marca, pois você tem dois tipos de sofrimento: O primeiro é nunca esperar encontrar duas pessoas em uma só. A segunda é que a outra face encontrada é o oposto da que você conhecia, e obviamente é uma face que você detesta.

Quantas pessoas assim você encontrou? Tirando as desilusões... Quantas artes fez? Quantos litros de álcool tomou? Até que ponto você chegou? Foi longe? Saiu do lugar? Pensa que saiu? É...

Não sou pessimista, não sou otimista. Penso que o realismo é uma forma boa de encarar um ano novo. Realismo que não tem medida, basta você encarar o que está vindo. Porque simpatias não irão fazer esse ser o melhor ano de sua vida. Encontrar pessoas boas, más, falsas, amigas, dedicadas à você e verdadeiras está tão certo quanto o vinte e nove de fevereiro que 2012 está oferecendo.

Não espere, viva.


"Assisti a decadência do vento. Ele que mostrou ser tão glorioso, tão frio e tão majestoso, hoje nem brisa é. Vejo que além da vida, os momentos também são passageiros. Diria que são turistas, bons e maus momentos estão viajando pelo mundo. Eles param, sempre separados. Um não pode estar ao lado do outro, não haveria sentido. Esses turistas não gostam de ser presos. E se você os prende, somente os maus é que ficam, os bons não gostam de prisão. São bons e merecem a liberdade. Já os maus não ligam para a prisão. Eles são recebidos de uma forma nada bem vinda, adoram e resolvem ficar. Em uma viagem, o destino pode mudar, mas a escolha é dos turistas. Se eles vão ou não ficar."

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Terror

Eu deixo a poesia, as crônicas, os contos e as palavras bonitas e bem estruturadas hoje de lado. A razão da minha mudança hoje é o que vocês, internautas e pessoas informadas pela televisão bem sabem.
Uma enfermeira matou um cachorrinho da raça yorkshire a pancadas. O vídeo vazou pela internet revoltando e comovendo a todos, inclusive eu.

Muitos no facebook me marcam em publicações sobre coisas relacionadas ao mundo animal porque sabem de meu respeito, da minha escolha por ser vegetariana (sem pregar isso a ninguém), e o meu amor não só por gatos e cachorros, mas por todos os animais.
Eu não consegui ver o vídeo inteiro, não quis. Fui covarde, confesso. Está claro como água o que viria a acontecer. O cachorrinho morreu. Não resistiu a crueldade e brutalidade desta mulher.
Por ser um cão de raça, eu arrisco dizer que o cachorrinho era da menininha que viu a cena de terror.
A maior ironia seria que quando essa garotinha crescer, estudasse medicina veterinária para sentir-se diferente da mãe que possui, juro que torço para isso acontecer, juro!

Os jornalistas não podem e não devem ser imparciais neste caso. Eu que sempre critiquei o sensacionalismo de muitas emissoras, hoje aplaudo de pé o que elas estão fazendo.
Revoltante é saber que essa mulher achou que o crime não daria em nada, claro! A justiça brasileira não é das melhores quando trata-se de maus tratos contra os animais. Vemos várias celebridades lutando contra isso, como a Luisa Mell bem faz.
Gostaria de saber se um dia verei o Brasil aderir a prisão perpétua, pois a barbaridade desse crime é merecedora disso.

Muitos casos já comoveram as pessoas do Brasil e do mundo. Como por exemplo, o caso de Isabella Nardoni. As pessoas assistiram uma audiência ao vivo, condenando o casal que assassinou Isabella.
Eu não consigo entender a diferença do caso Isabella com o caso do  yorkshire.
Ambas as vítimas não puderam se defender. Elas foram silenciadas, e a crueldade falou mais alto do que elas.
Isabella era um ser humano, o  yorkshire considerado um animal irracional.

Mas e daí? Essa é a diferença? É motivo suficiente para você ficar de saco cheio e criticar as pessoas sensibilizadas com isso?

Eu li no facebook pessoas dizendo que isso não adianta. Que há pessoas morrendo, crianças sendo estupradas, e as pessoas ficam por aí dizendo sobre uma mulher que deu umas "bicas" no cachorro.

Bicas? Ela o matou. O fato é claro. Ela matou esse cachorrinho.

Agora pode perder a guarda da criança, e volto a usar o verbo torcer.

Torço para que isso aconteça. Pois ela não merece ser mãe. Ela não merece ter uma família, não merece ser feliz e não merece ter uma vida.

Se uma pessoa morre, a polícia procura investigar. Se alguém é estuprado, a pessoa pode denunciar se sair viva da situação. Agora me digam, se não fosse esse vídeo e o peso da internet, quem iria saber desse ocorrido? Quem?

Crime não possui diferença. Crime contra as pessoas e contra os animais são crimes! E não devem ser menosprezados.

Nós, internautas revoltados e sensibilizados com tantos casos de violência, racismo e outros denunciamos sim pelo facebook, twitter, etc.

E para quem acha que não mudamos o mundo com isso, pensem... Sem essas pessoas na rua o mundo não fica melhor?

Sem essa mulher livre os cachorrinhos que futuramente ela poderia vir a agredir novamente não se salvam?
Sem o casal Nardoni a justiça não fica clara? A tranquilidade que a mãe daquela menina hoje tem não conta?

Parem, eu repito: Parem de nos julgar por estar expressando os nossos sentimentos quanto ao caso do  yorkshire.

As pessoas deveriam lutar pela liberdade de expressão, e não pela repressão dos outros. Por favor, não tenham esse tipo de opinião.

Hoje essa mulher matou um cachorro. E amanhã? Ela irá precisar matar uma criança ou um idoso acidentado para que vocês finalmente tenham razão de julgá-la?

Não.

Eu me recuso a ver pessoas que eu sempre considerei espertas fazendo esse tipo de coisa.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Fuck your party, i'm leaving

Desculpe-me por não colocar gorrinho vermelho na cabeça e cantar jingle bell como se eu estivesse amando desesperadamente esse maldito momento do ano. Não, obrigada.
Falar mal do natal está tão comum quanto dar feliz páscoa em abril. Acontece que eu não venho oferecer nada diferente. Meus argumentos? Ah... Você pode encontrá-los em qualquer página de twitter da deprê ou até mesmo no status do seu amigo alternativo no facebook. Em qualquer lugar desse mundo virtual você verá que eu não estou sozinha neste barco.

Aos amantes do natal e de outras datas comerciais: Eu sei muito bem o quão ofendidos vocês estão. Nos dias atuais, falar mal daquilo que o outro gosta é chamar para brigar. Porque a sua opinião só causa polêmica, você quer aparecer. É gente, eu devo querer aparecer muito escrevendo isso em meu blog, não é?
Ano passado eu disse desgostar do natal, esse ano digo que o odeio. Ano que vem, talvez que o desprezo. E no próximo algum adjetivo pior. Ou você acha que eu acredito no calendário Maia?

Vamos imaginar que cada pessoa que te deu um presente natalino neste ano, falou mal de você nos meses anteriores. Quantos presentes você ganhou da mesma pessoa? Lembre-se: É assim que funciona! Cada presente foi um adjetivo ruim sobre você.

É, dá para dar um jeito! As lojas de garagem nasceram assim, ou pelo menos deveriam ter nascido desse jeito. Guardar coisas que as pessoas te dão só para terem o gostinho do perdão passivo é realmente revoltante. Prefiro não ter.

Nada.

"Fim de ano é desculpa boba para a pessoa encher a cara" Já dizia um amigo meu.


"Pode ser. Mas dou um valor bem maior para aquele que bebe todos os dias sem precisar de desculpas, aquele que é julgado pelos antiquados por beber. Mesmo que ele ou ela pague as próprias contas. Não tem maneira de escapar da sociedade que julga. E acreditem, se tivesse uma credencial para você jamais ser julgado, as pessoas teriam prazer em roubá-la de você."



quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

You don't need to be dead

─ É louco, não é? A gente se conheceu daquele jeito no festival, e agora estamos prestes a tocar no Cavern...
─ Louco estou eu! Essa porra de cabo não quer funcionar, cadê o George? Pelo amor de Deus, onde esse putinho se meteu?
─ Ele foi buscar umas Cocas.
─ Ah, certo, certo. Ótimo. Estou morrendo de sede.

─ É... Eu estava dizendo que nos conhecemos de uma forma casual, e agora iremos tocar juntos.
─ Ah, oi Pete. Onde diabos você estava?
─ Fui falar com a minha mãe, ela queria saber se estava tudo bem.
─ Não, não está. Essa porcaria de cabo não quer funcionar.
─ Eu te disse que estavam ruins, John. Assim como te disse que já havia comprado outro, e pedi que jogasse esses fora.

─ Ah...

"John era assim. Mesmo que eu tentasse dizer que estava feliz com o progresso da banda, e que me sentia ridículo com aquele cabelo que haviam inventado para nós, ele não me ouvia. Não na frente dos outros. John sempre quis esconder seus sentimentos, exceto a sua raiva e frustração. Eu o vi para baixo quando Julia morreu, oh. Ele ficou devastado. Eu vi a tristeza em seus olhos, vi o quão chateado e incrédulo aquele momento o deixou. A questão é que ele estava feliz. Eu, como seu amigo e companheiro das letras que jamais imaginamos que causariam impacto no mundo, também estava. Éramos uma banda diferente, que com o passar dos anos, nossa diferença ainda seria intacta. Não se misturando com a mesmice de sempre."


E hoje quis fazer diferente, não quero lembrá-lo pelo dia de sua morte, mas sim pelos dias que ele passou em vida. E quem melhor interpretar se não Paul para falar dele?

sábado, 26 de novembro de 2011

The illusions of a crown

E se eu não tivesse algo em meu corpo que obedecesse as minhas vontades? E se minhas mãos de fechassem, quando quero que elas abram? E se meus passos fossem rápidos e pesados, quando estou cansado e quero caminhar? E se nada do que eu falasse fizesse sentido para as pessoas? Eu me sentiria estúpido demais com a inutilidade de meu ser, ou pensaria que sou o único gênio do mundo cujo meu próprio corpo não pode compreender de tão importante que sou?

E se, de repente, as pessoas fossem mais espertas, mais serenas e mais felizes? Será que o meu mundo mudaria? Eu me tornaria um amargurado por amaldiçoar a felicidade alheia? Talvez... ou eu poderia ser aquele que tenta ser feliz, o acolhido pelos bondosos, o amigo que as mulheres sempre quiseram ter.

Nada.

Não sou interessante, não posso ser. Vejo que este mundo escolhe quem deverá ter o cargo de chefe, é toda uma hierarquia planejada. E eu que era passadista, hoje tento enxergar certos acertos desta modernidade!

Gênio sei que não sou. Cérebro sei que tenho, habilidade em demasiada, mas não sei se essas coisas são suficientes para não deixar que me comandem.
As pessoas gostam do imperativo, elas adoram ter o poder de falar. De mandar, de ordenar e de exigir. Mas esquecem que aquele que foi cobrado, um dia cobrará suas tarefas realizadas.

Elas fogem...

"Querido que sabes quem és. Fui infectada. Não sei quanto tempo ainda tenho, mas sei que não será o suficiente para passarmos outra noite juntos. Não posso arriscar sua saúde, assim como a sua segurança. Sabes que não podemos ter vínculos, embora, nossa realidade diga o contrário. Fui feliz, admito. A felicidade é uma ilusão da qual eu vivi intensamente, e não importa se foi ilusão ou não, sou o que devo criar. Uma ilusionadora. Não ilusionista. Ilusionistas criam a ilusão. Eu a vivo. E gosto do que faço. Mas meu querido, a vida não pode ser somente uma ilusão. Chegou a hora de partir. De deixar o aroma das flores, a crina dos cavalos e as corridas apostadas por você, muito maldoso, sempre deixando-me sem fôlego. Eu precisei partir. Ela me consumiu. A doença que os humanos temem, os homens nascem com ela, alguns se salvam. Como no seu caso. As mulheres escolhem, mas a escolha não foi minha. Se carrego esta tiara simbolizando a minha moralidade e ética, ela não me serve. Ser realeza é uma coisa, e ser real é outra..." 

domingo, 13 de novembro de 2011

Gold's wall

A casa me sufoca. É a borracha que tenta inúmeras vezes apagar as minhas ideias. Como se não fosse o bastante, cada cômodo sabe como prejudicar e persuadir seus habitantes. É curioso que eles falam, mas falam uma linguagem da qual eu não consigo entender, assim como não posso crer que continue existindo.
Deveria ser língua extinta, pois se ninguém falasse como tais cômodos, as casas não fariam o que essa faz.

Muitas vezes me pergunto se não há nenhum centímetro capaz de falar outra língua, se no fundo, todo o cimento e azulejo que cerca os arredores das paredes, realmente fazem aquilo por acreditar que está certo.

Tudo começa na garagem.

É ela que zomba, que goza de sua liberdade e me diz que a partir de dali, eu estou presa. Ela livre. A gozação que ela demonstra é da mais desleal, pois ela não sabe o que é ser presa. Mas eu sei.

A sala é o ambiente em que os cômodos ficam juntos, é o lugar onde eles discutem suas ideias, como criticar aqueles que demonstram ser diferentes. Ganha quem for o mais cruel, e para falar a verdade, eu já vi muitos empates ali. E dos grandes.

Quartos podem me ajudar, ou não. Sempre haverá o meu favorito, repleto da minha essência. Ele me diz que ali tenho um lar, que naquele canto eu posso respirar sem sentir impurezas miseráveis grudar em meus pulmões como adesivos malditos. Eu sei que quanto mais adesivos eu tenho, mais perto da ignorância chego. E isso me apavora.

Os banheiros são imparciais, eu os respeito. Até porque, se eles não me prejudicam, tudo está bem.

A cozinha. Ah! A cozinha. Ela é a pior. O cômodo onde você é obrigado a ir para sobreviver, mas todos os dias volta entre a vida e a morte.
Ela lhe dá veneno em forma de água, lavagem em forma de comida, obrigações em forma de tudo o que for seu ponto fraco. Ela não liga.
É um campo de concentração, onde só o mais forte sobrevivem. E inúmeras vezes, eu sobrevivi. Se não, como estaria lhes contanto essa história?

"Compraram a minha casa. Quando disse para as pessoas elas tomaram um susto perguntando-me se eu não estava infeliz. Como estaria? Aqui está a prova de que sentimentos tem preço. Isso me deixa aborrecida, mas se a compraram, por que eu deveria reclamar? Gostaria de saber quanto vale o meu ódio, a minha decepção e a minha angústia. Também gostaria de ter conhecimento se seus novos habitantes irão demolir as lembranças de cada cômodo. Quando falo com as paredes, elas me respondem em uma linguagem não verbal. Entristecem rapidamente, mas quando eu menos espero, a do canto esquerdo me diz: Você precisa entender que um dia nós cairemos por lhe proteger. Nenhum cômodo conseguiu tal proeza, e ficamos felizes de cair. Porque quando isso acontecer, você ainda estará de pé. Percebendo que sempre foi maior que esta casa."

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

If you want to know, ask me why

O que foi fácil, hoje difícil.
O que foi claro, hoje escuro.
O que foi doce, hoje amargo.
O que foi felicidade, hoje tristeza.
O que foi sonho, hoje pesadelo.
O que foi eterno, hoje momentâneo.
O que foi presente, hoje ausente.
O que foi diário, hoje saudade.
O que foi amor, hoje incerteza.
O que foi saúde, hoje doença.
O que foi próximo, hoje distante.
O que foi certo, hoje incerto.
O que foi solução, hoje problema.
O que foi calor, hoje queima.
O que foi saudável, hoje enfermo.
O que foi chegada, hoje partida.
O que foi trato, hoje promessa não cumprida.
O que foi realizado, hoje incompleto.
O que foi feito, hoje desfeito.
O que foi balança, hoje desequilibrado.
O que foi festa, hoje funeral.
O que foi voz, hoje silêncio.
O que durou, hoje dança em corda bamba.




"Sentir-se deslocado não é um luxo exclusivo. Todos procuram se encaixar, como peças que um dia foram embaralhadas, e agora tentam ter o lar que lhes foi tirado. O mundo retirou coisas de mim, e me deu outras, mas nunca boas o suficiente para curar a saudade do que eu tinha. Hoje, vejo que há peças especiais chegando em minha casa. Elas sentam em uma cadeira qualquer, abrem um vinho e me servem uma taça. Quando o líquido é derramado em minha garganta, sei se essas pessoas irão valer a pena. Hoje uma vale, amanhã eu não sei quantas irão me oferecer uma garrafa. E não importa se o vinho parece ser velho demais, ou se ele já fora aberto antes. Vinho é vinho. Acasos são acasos. Não existe certo e errado. Só existe nós."

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Get out, monster.

Como todos sabem (eu espero!), ontem foi aniversário do nosso querido John Lennon. Ele que é ícone de paz, de amor e de canções eternas.
Decidi juntar essa data e falar de máscaras. Totalmente o oposto de quem ele era. John Lennon... Um homem desmascarado perante a sociedade.
Pergunto-me onde estão as pessoas que aderiram à moda de tirá-las. Elas que não têm vergonha de quem são. Pelo contrário, orgulham-se disso. Mas sem exageros, é claro. Nós sabemos muito bem o que o orgulho da raça faz: Uma guerra. Mata milhões. Deixa torturados espalhados pelo mundo.

As máscaras que usamos ao sair de casa parece grudar em nossos rostos. É uma cola tão maldita que não adianta puxar. Ela prefere arrancar a sua pele, mas sair tão facilmente? Jamais.
Já tiveram a impressão de ser uma pessoa dentro de casa, e quando de repente alguém aparece, você muda?
Acontece assim mesmo. Tudo parece estar diferente. Mais certo, menos bagunçado. Mais seco, com menos amor e despreocupação.
Essas máscaras me deixam com medo, pois já vi uma variedade...
A que mais me apavora é a máscara incolor. Ela é do tipo transparente, de textura sensível. Você não a vê. E por mais que as pessoas digam que ela existe, você continua não vendo. Não enxerga, não quer enxergar.
Até que chega um ponto em que ela simplesmente cai.
E você fica observando todas as suas formas diante da luz, analisando cada detalhe. Sentindo-se cego e idiota por não ter conseguido ver o que estava tão claro, tão evidente.




"Essas máscaras são caras, mas não é quem as veste que paga. São as pessoas que acreditavam em sua inexistência. Elas realmente são severas... Digo que não posso afirmar se as vejo ainda, mas sei que uma em especial jamais irá sair do chão, a fito todos os dias. Sentindo-me mais idiota e estúpida do que nos dias anteriores."

sábado, 3 de setembro de 2011

Do something

Se ame, mas não seja egoísta.
Liberte-se, mas saiba os seus limites.
Curta o dia, mas não seja preguiçoso.
Tenha descanso, mas não seja sedentário.
Não tenha ciúme, mas mostre que se importa.
Seja forte, mas não mate todos os seus sentimentos.
Seja eclético, mas tenha personalidade.
Critique, mas não seja tão rígido.
Estude, mas não esqueça de viver.
Trabalhe com o que gosta, mas tenha dinheiro.
Trate bem as pessoas, mas não deixa que elas pisem em você.
Lide com as pessoas, mas saiba amar os animais.
Respeite a natureza, ature as pessoas que não concordam com você.
Siga as regras, mas saiba a hora de questioná-las.
Não seja revolucionário, mas não deixe que a sociedade te considere outro qualquer.
Seja otimista, mas não viva em um mundo de fantasias.
Duvide de tudo, mas não deixe que a desconfiança seja mais forte.

Afinal de contas o que eu devo fazer?

"O mundo está cheio demais, e há pessoas que pensam ser sábios da Grécia antiga. Mandam você fazer isso, aquilo, e outra coisa. Logo, chegam outras e lhe dão ordens totalmente diferentes, até mesmo absurdas. Você fica na maré da dúvida. Não sabe se pega um barco ou anda na ponte para atravessar o rio. Qualquer caminho que escolher poderá influenciar a sua vida por completo. O que eu devo fazer? A quem devo pedir ajuda? A mim mesmo? Como se não sei de absolutamente nada? Preciso pensar... Há tantos caminhos a seguir, e apenas um destino. Um único destino que pode ser desviado... Tem dias em que penso que se houvesse apenas uma escolha tudo seria mais fácil, depois noto o quão egoísta é meu pensamento. E as pessoas que preferem outras escolhas alternativas? " 

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Vírus de bolor

Fim de tarde, quarto, mesa, cadeira, cartas, bolor.
Espirro, sorriso, nostalgia, choro, saudade.
Fotografia, lembrança, parque, infância, sorvete, vestido, sujeira, beijo de esquimó, click.
Suspiro, gato, pelos, maciez, colo, afago, miado, barulho.

Banheiro, água, chuveiro, silêncio, toalha, quarto.
Pingos, chão, fala, cozinha, café, xícara, sede, prazer, pia, água, espuma, limpeza.
Quarto, cama, abraço, perfume, amor, beijo, declaração.

Livros, discos, cadernos, diário de classe, bateria, tatuagem, lado direito, criado mudo.
Câmera, propaganda, jornal, abajur, agenda, telefone, despertador, celular, lado esquerdo, criado mudo.

Cama, lençol, carinho, beijos, sono mútuo.
Horas, noite, madrugada, frio, vento, nuvens, sol, manhã, despertador.
Dor de cabeça, olheiras, gripe, nariz vermelho, cansaço.

Abraço, chinelo, chão, telefone, pedido, aceitação, alegria.
Cozinha, caneca, chaleira, água, fogo, minutos, chá, aroma, armário, remédio.
Quarto, cortejo, carinho, bebida, relógio, susto, aviso, pergunta.

Cama, abraço, hoje não!

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Please, more wood

Era tão diferente daquilo que eu estava esperando. Havia imaginado, feito memórias falsas em minha cabeça de como realmente era. Decepcionei-me com a construção. Ou seria reforma? Teria sido do jeito que eu imaginava? Então talvez... as memórias não fossem tão falsas assim. A multidão imaginária estava lá, não havia ninguém para preencher o vazio de suas paredes. Claro, tirando três mulheres. Duas cumprindo funções, e uma perdida, assim como eu. Estaria ela perdida em plena decepção? Bom... Às vezes lamento por falar tantas verdades, mas esse é um dos casos em que não posso faltar com a sinceridade. Já é uma marca. Um reconhecimento pessoal. Faltava madeira, luzes de lampião e pessoas sedentas, mortas de desejo.
Nada. Nem uma única alma que pudesse salvar o lugar da solidão.

A solidão é muito mais triste quando ainda há pessoas em determinado lugar. Torna-se solitária por carência, ganha o ar fantasmagórico que eu tanto temi. Seria ela assim, quando uma grande mulher adentrara para buscar algo em meu favorecimento?  Não sei dizer, eu não havia ido. Muito ocupada para fazer esse passeio diferente. Em pensar que há tempos, muitos lutavam para poder estar lá.
Que grande ironia...
A impressão que tive foi de que passaram anos... E quanto mais anos passaram, mais ela ficou modernizada.

Quem cometeu esse crime com aquele lar? Não era para ter sido assim. Gostaria de não ter visitado, de estar com aquelas mesmas memórias falsas. De recomendá-la para alguém que fosse tão nostálgica como eu.
Poderia ser um grande lugar para alguma pessoa que realmente quisesse estar lá.
Não compreendo... O tempo passou dessa forma tão traidora.
É incrível querer segurá-lo, e eu quero. Quero pará-lo, desfrutar de algumas raras peças que logo, perderiam-se no futuro ingrato.

"Perdi meu relógio. E foi na hora em que eu mais precisava. Como eu sabia as horas? Olhei para o céu, lembrando das aulas de geografia. O sol estava em algum lugar no canto do céu, e eu sabia que horas eram. Talvez eu não precise tanto daquele relógio, ou de qualquer relógio que seja. Mas ele era especial. Alguém havia me dado para que eu pudesse lembrar, ao ver as horas, se estava muito cedo ou muito tarde para poder voltar pra casa. Estava cedo, embora meus passos não ajudassem para que eu fosse chegar no horário certo. Será que as horas estavam mesmo ali? Será que essa porra de mundo está girando para o lado certo? Eu não faço idéia. Gostaria de ter alternativas, pelo menos chutaria, como faço em algumas provas. Não posso chutar a vida, o mundo e muito menos o tempo. Se eles me chutarem, doerá muito mais, não é? Sorte que tenho curativos, amigos. Eles procuram curar os ferimentos que pessoas distantes não podem ver e nem sentir. De qualquer forma, eu preciso voltar para casa. Afinal de contas, essa biblioteca não é mais como eu imaginava. "


quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Our world

O mundo não deixa de girar quando você está no chão. Ele também não tenta te ajudar, ele não lhe dá palavras de consolo, ele não se importa com você.
As pessoas se importam com ele. Pois se o mundo vai mal, logo, vamos mal também. Decaímos mais uma vez para o estado alarmante de desespero para o seu possível fim.
Se vivemos em uma câmara ou em um parque vagando livremente qual a diferença além da liberdade? Nenhuma. O mundo simplesmente não deixa de existir.

E nós, tão preocupados com ele! Que mundo injusto, que mundo ingrato. Ele não vê que as pessoas estão sofrendo? Não vê que alguém neste exato momento está morrendo? Não consegue enxergar que certas feridas estão doendo? Não, pouco importa para ele. Poderíamos chamar algumas pessoas de mundo. Seria um insulto inteligente. Mundo porque só precisa de pessoas que se importem, mas nunca se importou com ninguém. Por que faria algo assim? Ele é o mundo, oras.

Mesmo que o tempo passe devagar, o mundo continua a girar. É mera imaginação de nós, meros mortais. O mundo é aquilo que temos, que devemos preservar e respeitar, mas não podemos esperar que ele faça a mesma coisa por nós.
Nesta vida temos duas alternativas: Esperar algo que não acontecerá ou esperar algo que pode acontecer.

"A pedra continua ali, naquele mesmo lugar. Faça sol, faça chuva ela não se move. Permanece ali, parada. Só sai do lugar se alguém movê-la. Inércia quase eterna. Há pessoas que precisam de um empurrão para voltarem a sorrir, outras precisam aprender como fazê-lo, pois sempre dão sorrisos falsos. Esse jogo de verdade ou mentira mais parece cena de cinema. Aquela cena que sabemos o começo, o meio e o fim. Gostaria de poder mudar a sua cena. Torná-la divertida, fazer com que tudo fique bem. Vocês sabem, eu posso mudar cada cena errada. É só me procurar." 

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Boys and girls, the light will shine

Já vi contradições de todos os tipos. Alguém pedindo cerveja em uma festa de batizado. Pessoas dando feliz dia das bruxas no natal. Contradições com uma pitada de humor. Pimenta do reino, aquela que você tempera e tempera, mesmo assim continua com o mesmo gosto.
Tais contradições fizeram-me pensar. Por que fazemos as coisas certas quando não precisamos? Damos feliz aniversário para a pessoa que completa anos, não para a mãe que passou todas aquelas dores. Às vezes penso que os parabéns deveriam ser dela, não é? Nós só causamos dor.

Está aí uma coisa certa. Nascemos causando dor em quem mais nos ama. Por que, não é? Tem coisas que a natureza decide, injustamente. Pois é. Mas a questão é o dia de hoje. Dia do amigo. Sinto aquela sensação de que já comemorei tal data esse ano. Não é como o natal e o ano novo. Sabemos que demora pra chegar, é rápido. Mas acontece só uma vez. Se as pessoas ganhassem o tanto de presentes que ganham... Sentiríamos falta dessa data. Mas não! Eu pelo menos não considero o dia do amigo uma data tão... importante.

Dia do amigo, pra mim é aquele dia em que alguém demonstrou ter uma amizade sincera, sem esperar nada em troca além de sua amizade. Aquela pessoa que jamais iria tacar na sua cara que sentiu falta de presentes. Que o maior presente é a sua amizade
Algumas falam isso por educação, para não deixar o outro em uma lagoa pequenina de esperanças. Prefere transformá-la num poço. Profundo e obscuro. Tal falta de luz só faz nós percebermos que muitas pessoas preferem apagar a luz para nós, mesmo sabendo que temos medo do escuro.

São poucos os que levam o nome de amigo. Bem poucos. Pra mim, amigos nem sempre estão juntos. Eu tenho uma amiga que a vejo uma vez por ano, e mesmo assim, não deixo de amá-la.
Outro vejo todos os dias. E só alguém muito especial consegue enxergar a nossa amizade sem aqueles pensamentos banais que pouco importa.
Temos muitos colegas. Claro, não dá para viver só de pessoas que nos querem tão bem. Há aquelas que nos querem bem. Só bem. Recebemos essa bondade de bom grado, sempre é bom saber que as pessoas gostam de nós.

O conceito de amizade também foi banalizado. Assim como o amor. Ser amigo hoje não é mais aquela pessoa que te dá o ombro pra chorar. Hoje, ser amigo é quem aumenta seu ego, e muitas vezes, só para te ver quebrar a cara. Não sei quem tem mais hipocrisia. Se é quem recebe os elogios mal falados ou aquele que vos fala.

"Gostaria que o mundo enxergasse a luz que vem dos astros. Eles que sempre estão lá, e quando não estão, é porque algo os impediu de brilhar. Eles nunca irão desapontar você. A Lua e as estrelas estão brilhando para fazer você lembrar que o dia pode ser ruim, mas a noite tende a ser melhor. E se for pior, por que não abre a janela? Há tanta coisa lá fora, tanto ar para respirar. Tantas pessoa para conhecer, lugares para visitar. Estradas para conhecer. A imensidão desse mundo está no céu. Você não sabe onde ele começa , nem onde termina, mas sabe que ele está estendido para você. A inspirá-lo em vida. A fazê-lo lutar, para sempre, em um certo horário, olhá-lo. E ver que lá está ele, esperando você sorrir para saber que sua meta fora cumprida. Fazer você feliz." 

segunda-feira, 18 de julho de 2011

My city is lucky

Ontem matei algumas pessoas. Das quais viveram dentro de mim por muitos anos. Eram boas, mas confesso que aproveitei cada corte que deixava em seus rostos. Como se toda a minha espera explodisse exatamente agora. E explodiu. Era excitante ver as coisas de um lado diferente. Sou eu quem está por cima, agora. Comecei a sentir nostalgia de todos os fatos. Saudades dos ossos partindo-se, do barulho que os dentes rangiam de medo. Ah! Como foi refrescante tomar banho de sangue pelos dedos...


Vontades! Eram tão grandes que as considerava pessoas. Sim, a vontade de sentir múltiplas sensações, de pisar em um lugar que eu jamais havia pisado. Velocidade que não era tão veloz, mas parecia correr mais do que a luz. Cada trilho, cada caminhada, cada pessoa tornou-se testemunha de minhas descobertas. Reviver uma coisa assim é possível, mas jamais será igual. 


Rasgar cada pedaço até sumir. Ouvir sussurros implorando para que não continue, ir adiante...A liberdade é mesmo majestosa. Quando você a conquista, torna-se louco. Pode fazer o que quiser, quando quiser. Ninguém pode impedir, e se tentar, impeça-o. O cansaso vale a pena.
Como a volta de uma grande viagem, carrego a nostalgia nos ombros. Com os fatos claros em minha mente.
Você pode ver aquilo que vivi. Há provas concretas disso. 


"Uma vez, um amigo me disse que se eu fosse mandar cartas para sua casa, que mandasse duas. Que se fosse ganhar presentes, que fossem baratos.. Para ter dois. Livros, dois. Bens materiais. Ele era conhecido como o número par da turma. Perguntei, certo dia o motivo daquele dilema. Risonho, disse-me que no futuro, iria encontrar sua ama gêmea. E que daria metade das coisas mais importantes que tinha. Achei diferente, parecia singelo. Revelei, então, que pretendia dar um CD para ele. Seu sorriso ganhou uma dança, e essa dança deu o ar sério que eu não via há muito tempo.Olhou fundo em meus olhos e disse que era apenas um. Surpreso, perguntei o porquê. Com um leve sorriso, ele disse que músicas não tem cópias, nunca! E que se houvesse um dia, seria a pior farsa e invenção da humanidade. Músicas são únicas. É o melhor presente que se pode dar. "


E por isso, eu dou todas as músicas do mundo para você, meu querido irlandês. 

domingo, 12 de junho de 2011

Vandeca

Eu deveria estar falando sobre essa véspera de dia dos namorados tão importante. Conheci pessoas maravilhosas, me diverti. Agora que cheguei em casa lembrei de todas as coisas que passamos juntas, de todos os nossos momentos. Aqueles em que nós duas éramos pequeninas, e aquele em que eu te peguei no colo quando nada estava bem com você. Eu confesso que me senti culpada por estar deixando eles te levarem, confesso que me despedir de você foi a pior coisa que já fiz na vida. Não que os outros fossem menos importantes, não eram. Todos são. Mas você sempre foi a minha pequena, minha única menina. Eu me desesperei quando você ficou doente. Fiquei com você em todos os momentos, e só aquele estagiário sabe o quanto eu chorei de soluços por te deixar lá, não era apenas uma cirurgia. Era a cirurgia da minha menina. Oh, minha menina voltou tão calada! E em meu quarto, acompanhando a noite passar, eu via o seu estado. E não é porque não acredito que Deus exista que não tenho sentimentos, eu torci tanto por ti. E quando cheguei, e vi você andando, em sua casinha, feliz... Ah, que aquecimento repentino em meu coração. Estava tão boa, tão quentinha, tranqüila . . .Esse tempo passou, e conforme meu mau humor crescia por estudar de manhã, eu chegava com sono. Fazia o que tinha de fazer, e antes de dormir a tarde toda, eu iria te ver. Lembro que dormimos juntas na porta da minha sala, você tão indefesa em meu peito. Fazendo carinho em meu rosto com o focinho molhado de leite. E até beijou minha bochecha. Eu nunca havia sentido um de seus beijos, e naquele momento eu me apaixonei ainda mais por ti, minha menina.
Sempre há um porém em toda história, algo para foder com a vida de todo mundo. Histórias são assim. Mas quem me dera se você não tivesse que passar por todo esse sofrimento. Oh, minha menina. Você começou a ficar mal de novo, e aquele cara com expressão de insanidade dizia que você não poderia mais passar por todo aquele processo. Seria perigoso, já fora na primeira vez. Eu que não deixaria você passar por tudo de novo, e não é por egoísmo, eu só não queria te perder por uma decisão equivocada.
E o que tínhamos para esses meses? Sofrimento. Você estava literalmente definhando. Era água em meus dedos, e por mais que eu tentasse pegá-las, repor com lágrimas, tudo escapava. Você estava me deixando de algum modo, o modo mais doloroso. Essas semanas passaram como um flashback, você continuava me deixando. E hoje, sem comer, eu te olhei e sabia que era o momento. Eu juro que não queria, mas se fosse para lhe poupar dor, eu tinha que deixar você ir. Não posso te ter por mais tempo sabendo que você está sofrendo a cada dia que passa. Minha menina, nossa despedida foi singela, e esse diálogo jamais será esquecido. Eu lhe prometo. Você me ensinou o que significa amor, lealdade, amizade, confiança e carinho. Oh, minha menina. Você partiu.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Velvet

Ela assistia mais de vinte filmes por semana. Tirava trinta fotografias de tudo o que via pela frente, apenas duas eram de seu agrado. Perfeccionista desde que nasceu, detalhista aprimorada com o passar do tempo. Era romântica, mas não dispensava um filme de terror. Daqueles em que a maioria das garotas chamaria de nojento, no mínimo e brigaria com o namorado para assistir qualquer filme da Disney. Lia livros, escrevia algumas continuações que nunca foram digitadas para o computador, jogadas em seu armário branco com detalhes em lilás. Gostava da cor, aliás, era a cor de seu quarto e na maioria das vezes, a cor de seu humor.

Um filme trouxe paixão por coisas do passado, bastou alguém apresentá-la as coisas lindas que a vida tinha lhe mostrado, ela precisava abrir os olhos. E só foi acontecer com catorze anos de idade. Já não era pré adolescente, mesmo que tivesse mil e uma dúvidas na cabeça. Querendo desvendar todos os mistérios que invadiam a sua cabeça sozinha, sempre fora assim. Independente. Esse era o seu jeito, só precisou sentir falta de algo muito importante para demonstrar toda a sua força. A sua paixão pela vida e seu modo de vivê-la.

É uma lástima com números, prefere escrever. Escreve para ficar feliz, para desabafar, para matar...
Traço comum, rosto de menina. Nunca parece crescer, mesmo que não aparente ter a idade que tem.
Conseguia ser feliz, mesmo de coração partido pelas coisas que já havia passado. Coisas que não são triviais, coisas que marcaram a sua vida, deixando marcas. Como rabiscos na pele.
E esses rabiscos que agora acha charmoso mudaram de nome. Encontrou algo mágico. Ou melhor, alguém...

Algo sempre faltava. Era a carência perpétua que pensava ter, não pensava. Tinha mesmo aquela carência. Talvez sempre fora carente, motivo por dormir com bichos de pelúcia até hoje.
Já faz um tempo que essa carência passou, e passou de um jeito diferente. Preenchendo espaços, que agora não estão mais tão largos, tão vazios e tão solitários como eram antes.

Agora ela tem alguém com quem tomar café e chá. Tem alguém para comer pão de queijo porque adora, e não porque a acompanha na dieta vegetariana. Alguém com quem pode ver filmes no cinema, dar presentes simples, porém importantes e singelos. tem alguém para esconder qualquer coisa que tire a beleza de uma prateleira de madeira, e escutar o riso grave que sua travessura causou. Tem alguém para comparar com as coisas mais lindas do mundo.










Ela é a fita, e ele o veludo. 

quarta-feira, 18 de maio de 2011

When a skin start to feel more

Se o que é harmonioso for a ordem certa das coisas, então uma desorganização tornar-se desarmônica? A vida nos tem mostrado muitas cenas, várias delas que jamais serão apagadas de nossas memórias assim como a data do dia em que viemos a este mundo. A reprodução das coisas está em todo o lugar, sendo sexuada ou assexuada. Sabemos que o primeiro tem uma diversificação maior, é o que constrói as diferenças de um ser para o outro. Muitos de vocês já estudaram esse conceito em Biologia, alguns detestaram, mas há algo mais maravilhoso do que encontrar algo tão parecido diante de tantos semelhantes?

Torna-se cada vez mais freqüente a utilização de meios para tornar-se diferente. Mesmo que suas características existam, nunca será o suficiente. As pessoas gostam de lembrar. Com um medo incalculável de esquecer o que elas têm de melhor, preferem eternizar qualquer coisa para que a memória não lhes pregue uma peça.
Uma vez, duas, três... Ou até virarem pó. Tantos são os rabiscos que elas fazem.
O papel torna-se seu melhor amigo, o lápis o desabafo. E em meio de tantas linhas, cores, traços e títulos lá está a nossa vida. Cada momento grifado de extrema importância para destacar-se diante de tantas situações.

A lei da conservação é clara: "No mundo, nada se perde, nada se cria, tudo se transforma." Pois bem, e quando não encontrarmos a transformação final? O tempo mata tudo o que escrevemos, dilacera as palavras que há alguns anos eram quem nos dilacerava. Perder algo tão valioso assim torna-se sinônimo de desespero.
Para não perder tais rabiscos, o quê fazer?

Muitas pessoas ainda acham que tentar ser diferente é questão de rebeldia, é querer aparecer. A realidade é que o parecer não é negativo, pelo contrário. Não é querer se aparecer, é destacar-se diante da massa que tenta torná-los incolores. Esquecer todos os valores que possuem em momentos de extrema solidão.
As pessoas que pensam nisso não possuem a harmonia do preto e branco. Pois a combinação de cores é para os que sonham em pintar o dia da cor que está seu coração

"Diferença e desespero. É isso o que nos leva a transformar nossos corpos em telas. Telas que recebem o tempo eternizado. Que homenageiam aqueles que nos fizeram felizes por certo período. É a maneira de mostrar quem somos, de onde viemos, do que gostamos. É nossa cultura. Nosso desejo ardente de falar sem utilizar a voz. Título subentendido. A pele é papel, e as tintas são os sentimentos que a vida um dia nos fez sentir. Escreve-se pelo amor, camuflado na dor."

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Do you need some help?

Sentir-se inútil por alguns segundos torna-se cada vez mais freqüente na vida de quem precisa provar que há algo errado consigo mesmo. Muitas vezes aprendemos que nossos erros são quem nos mostram onde podemos arrumar aquilo que ficou defeituoso. É um lento processo, leva quase uma eternidade para amarrar aquela mera corda que permaneceu solta.
E mesmo assim, ainda temos a sensação de que o nó continua frouxo. Mas por quê? Não adianta dizer que o mundo é capitalista, e que as pessoas ao nascerem, já carregam a sede de ser melhor do que as outras.

Começa em uma roupa mais bonita, nos traços genéticos comparados aos das outras crianças, o rendimento acadêmico... Tudo! É como se estivéssemos vestindo casacos, e quem ficar com aparência mais medonha e andar robótico ganha o prêmio. Esse não deveria ser aquele que as pessoas riem? Por estar tão ridículo? Não, quem tem mais a oferecer neste mundo, manda.

Competir é saudável, claro. Se não houvesse competição os atletas não participariam das olimpíadas, mas o que vejo recentemente é que o adversário chuta o oponente quando este está no chão. Ele não deveria levantá-lo e agradecer arduamente pela luta? Sim, ele deveria. Mas não o faz. Por quê? Simples! A vida o ensinou que antes de ser chutado é preciso chutar. E por mais absurdo que possa soar, ele acha que está agindo da forma certa. Ninguém quer lutar com ele, uma pessoa que não tem valores. Não tem amor pela vida!

Eu enxergo pessoas assim fora do ringue, são aquelas que chutam gatos famintos pela rua. Espantam pombos quando eles comem os míseros farelos que as ruas lhe dão de presente para sobreviver.
São aqueles que fecham os olhos ao ver um idoso adentrar o ônibus, esquecendo que daqui a alguns anos, alguém também irá fechar os olhos.

Por que não abrir os olhos agora? Começar a tentar ser melhor sem atrapalhar o desempenho dos outros? É tão fácil se levantar sem precisar derrubar um amigo!


"Nesta vida ninguém é igual a ninguém, a igualdade que tanto sonhamos é aquela em que as pessoas não enxergam por preferência as diferenças que existem nas outras pessoas. Sabemos que um dia iremos morrer, assim como sabemos que há alguns anos nascemos para viver neste mundo tão confuso e cheio de armadilhas. Alguém as coloca em nosso caminho, mas são os amigos e pessoas queridas quem nos ajudam a retirar tudo o que há de mal em nosso percurso. Somos uma praia, somos um mar! Somos cada grão de areia, que neste paraíso, as águas hão de molhar. "

domingo, 17 de abril de 2011

Stuck in the throat

Qual é o seu momento favorito? Muitos dizem ser em um lindo bosque. Sentir o cheirinho da grama fresca durante as manhãs, após tomar um banho de orvalho cristalino. Outros dizem ser a cidade. Em pleno metrô, de preferência com aqueles cinco minutos em que olhos encontram outros, e neste meio tempo nasce o amor temporário de pessoas que jamais irão se ver novamente. A questão aqui é clara: Favoritismo.
Essa palavra é até um pouco pesada. Pois há pessoas que julgam o branco ser mais belo do que o preto só porque gostam mais de tal falta de monocromia. Branco é branco. Preto é preto. Não há meio termo aqui, embora eu ache que o charme está presente na segunda opção. Mais favoritismo.

As pessoas tem uma coisa engraçada dentro delas, e o núcleo disso tudo está cravado no favoritismo, pois se tudo o que amamos é mais belo e atraente, então o mundo tende a ser perfeito para nós, não é?
Eu não vejo as pessoas felizes com seus mundos perfeitos. Vejo-as presas dentro de seus globos de neve, e estes estão sendo chacoalhados o tempo todo, até que o vidro cede e tudo transforma-se em cacos.

Esses pedaços que chamamos de sentimentos, quebrados a cada vez que tentamos colá-los com a cola chamada esperança. Ela não é muito útil, pois está frustrando mais seus donos. Não cola. Quebra. Solta. Dilacera os cacos que ainda sobraram. Há pessoas que nem tentam colá-los. É melhor do que tentar e não dar certo.

Liberdade particular... O que ela significa para você? É cantar as mais belas canções no chuveiro sem receio de que alguém vá bancar o jurado de suas cordas vocais? É declarar seu amor em forma de roteiro em plena sacada, diante das luzes da cidade sem receio de que algum vizinho comece a pedir que vá dormir?
É andar com as próprias pernas, sabendo que seus passos são seus e de mais ninguém? Pois sem que meus passos acompanham o meu ritmo. Eu decido a minha velocidade, a minha capacidade de andar do modo que eu quiser.
Liberdade particular é não temer o que os olhos querem ver, e quando esses realizarem tal desejo, que não parem! Pois a chance de ver cada coisa que está diante de nós é muito pequena.

"Há olhos que enxergam mais. Há pessoas que respiram pouco, outras ar demais. Há coisas que o mundo nos oferece para desfrutar, e não para destruir. Tantos são os detalhes do tempo, da vida e de nossas experiências mais íntimas.  Cabe ao ser mais simples e natural aprender a arte de solidificar o ar. Assim, ver o que é impossível torna-se possível. Tão grande é a satisfação que quando nos damos conta, estamos a pelo menos um passo de achar o que sempre procuramos. O quê você procura agora? Feche os olhos... Pense no que faz seu coração acelerar. Mergulhe na mais leve brisa de ar que conseguir. A resposta está presa em sua pele agora mesmo."

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Let's kill the people

Hoje é o dia do homicídio. Vamos matar alguém? Hoje é dia do estupro. Vamos machucar algumas garotinhas? Hoje é dia de... do quê mesmo? Oh, sim. Do esquecimento. Vamos esquecer quem nos fez sofrer, afinal de contas, amanhã teremos de lembrar com mais fatos de horror. Hoje parece ser um dia cômico, mas creio que não sou a única que está levando a sério. Já vi pessoas baixando ainda mais o PH de suas críticas. Comparando o dia de hoje com o nosso Distrito Federal. Não vou discutir política, seria irônico fazer isso neste começo de abril.

A questão em si é: Quem inventou esse dia? Seria alguém tão cansado de receber inverdades que em um ato de desespero, resolveu juntar-se a festa? Como um grande protesto, comemorou todas as mentiras que contaram para ele. Você gostaria de fazer o mesmo? Porque no fundo nós sabemos que mentimos o tempo todo.
Mentimos quando alguém do banco liga. Mentimos quando não queremos comprar nada de vendedores ambulantes alegando não ter dinheiro. Mentimos fingindo não estar em casa ao receber aquela visita indesejada. Mentimos quando falamos que não nos esquecemos de certa data que deveria ser lembrada.

Mentimos tanto que nós deixamos de acreditar na verdade.

A verdade existe? Seria ela tão pequena que ao se camuflar no mundo de calúnias e injustiças, parece inexistente?
Como frio de verão, quase impossível de acontecer. São as estatísticas de uma verdade pura. Nenhuma delas está livre das incertezas, cabe a cada um decidir em quem acreditar.

"A consciência de um homem é como um labirinto. Por hora ele perde-se em si mesmo, talvez, jamais se encontre. Ou nunca tenha estado na direção certa. A mente prega tantas peças que as pessoas tornam-se fantoches de seus próprios cérebros. Desliga-se o lado direito, adiciona-se a sobrecarga no lado esquerdo. O que temos agora? Uma máquina insensível, trivialmente rejeitada. E essas casualidades transformam pele em armadura. Coração em bomba relógio. Cérebro em chip. Ser humano cibernético." 

sexta-feira, 18 de março de 2011

You'll never stop falling in hole

─ Olá, meu caro! O que você procura?
─ Felicidade.
─ Oh, muito requisitadas. Temos dinheiro, é quase a mesma coisa.
─ Dinheiro acaba.
─ E felicidade não?
─ Sim, mas demora.
─ Nem sempre! Você sabe quando deve economizar dinheiro, mas sabe quando tem de economizar a felicidade? Ela termina quando você menos esperar.
─ Preciso de um estoque.
─ E quem não precisa? Tanto que acabou.
─ Como está vivendo sem felicidade?
─ Acha que as pessoas morrem pela falta dela?
─ Bem... algumas sim.
─ Bobagem! Suicidas não eram infelizes, tinham os olhos fechados para a própria felicidade que cansou de tentar fazê-los enxergar. Ela se levantou, limpou o casaco e foi embora.
─ Simples assim?
─ Levou anos para decidir abandoná-lo.
─ Ela sofreu?
─ Oh, sim. Chegaram aqui com esse defeito, muitas foram devolvidas.
─ Em forma de quê?
─ De coração partido. O pior defeito delas!
─ Oh...
─ Você pelo visto machucou uma felicidade.
─ É, embora ache que não fui o culpado.
─ Como todos os criminosos!
─ Hey, hey! Ela me deixou por bobagem.
─ Procurou outra rosa?
─ Uma antiga me encontrou.
─ Não foi por falta de culpa, hein?
─ É, eu contei para ela.
─ Contou mesmo?
─ Não, ela quem desconfiou.
─ Você mudou.
─ Mudei o suficiente para ela saber sem nem ao menos me ver.
─ Ela deveria te amar.
─ Amava.
─ Você não?
─ Não sei. Era cedo.
─ Acha que o amor tem tempo?
─ Também não sei.
─ Há coisas que você não sabe.
─ E você sabe?
─ Sei que ela deixou algo com você, mas não sei se ainda guarda.
─ Isso é pessoal.
─ Deve guardar.
─ Eu não disse isso.
─ Não precisa.
─ Então, quando teremos felicidade?
─ Quando você decidir o que fará com a pulseira.

"Procuramos tanto essa tal da felicidade, mas já que estamos procurando, por onde começamos a traçar esse caminho? Caminho cheio de buracos, decepções e conquistas. Vitórias para os fortes ou sortudos, fracasso para aqueles que pensavam o quão fácil seria atravessar uma ponte em total desequilíbrio. Hey, queridos! Não temam ter medo. O medo é a melhor defesa que podem ter em uma batalha. Mostrar que estão com medo demonstram o ser humano que vive dentro desses corações tão deprimidos. Pulem nessas gotas gigantescas de tempestade. Um arco-íris irá sorrir da forma certa."

segunda-feira, 14 de março de 2011

We want to breathe lyrics

Escrevo sobre as coisas que vivi. Escrevo sobre um campo que me faz lembrar vagamente dos anos noventa. Sobre uma casa que nunca entrei, porém, que adoro admirar a sua beleza da forma simples que foi construída.
Transformar o que é belo em traços é uma arte, transportar a beleza em letras é quase utopia.
Relatos de felicidade plena, tudo tão bonito que mais parece um poema. Desses de livros de bolso que enche os olhos de pessoas sem idade.

Não há números para calcular a satisfação de viajar em tantas páginas. Nos pensamentos de nossas pessoas especiais, nas coisas que elas escrevem, tanto dizem em uma frase. Mera oração, sonetos que não só em mim causam arrepios, és admirável de contemplar.

Gente diferente que sabe como mudar. Mudar com as palavras, de forma grande em um pequeno gesto.
Porque o seu balançar ao direcionar a caneta sob o papel é valsa celestial. Das coisas que tanto li, sempre cativo-me por tentativas de mostrar sentimentos.
Cada palavra escrita aqui é banhada deles. Bons e ruins, vividos e não vividos, porém, sempre sentimentos.
Quanto tempo irá durar essas palavras? E quando a tecnologia morrer? Quem há de ler o que escrevo aqui, neste espaço quase particular?

Justo hoje resolvi terminar com essa abstinência de escrever. Como qualquer vício, é preciso ter pausas para os pensamentos se ajustarem.
Agora organizados, é hora de bagunçar. Derramar todas as minhas incertezas de mudar o que ainda não pode ser mudado.

"Há momentos em que as pessoas tem a necessidade de falar. Mas quando essas não conseguem, usam de outro meio para serem ouvidas. É tão simples desvendar o coração de um jovem ou a sabedoria de um idoso. É fácil analisar o que as palavras querem mostrar. Gritar. Amar. Confessar. Solidificar. Tão pesadas e tão leves, as palavras nunca irão morrer. E hoje é um dia que temos a certeza que fazer poesia não é só escrever em versos. É dar vida ao que não se pode ver, é declarar fidelidade as nossas fantasias. Somos poetas e iremos aprender a descrever cada coisa que exista no mundo. E de tantas tentativas, vejo que o mundo existe por nossas palavras."

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

How could you know, George?

─ Você acordou cedo.
─ Eu quero fazer as coisas diferentes hoje.
─ Por quê?
─ Não sei, acho que estou diante de uma grande mudança.
─ Oh, vai sair?
─ Vou sim, logo mais estou de volta.

E foi, andando pelo asfalto de sua calçada com um ar de quem era descobridor. Descobria cada detalhe que sua rua lhe proporcionava, parecia neurótico.
Mas ainda assim, percebeu coisas que há anos nem imaginava que pudessem existir ali, como o cheiro da manhã misturado com a chuva da noite passada. Era um remédio para a sua alma, pena que descobrira somente agora.
Teus passos diziam muito sobre ele, teu olhar mais ainda. Olhos profundos, sorriso de garoto que sabia exatamente o que queria, e bastava uma fala, já conseguia.
Não se aproveitava de seus encantos, mesmo quando esta fosse a única maneira de sair de uma encrenca.
Adorava olhar nos olhos delas, de ombros erguidos, mãos nos bolsos: ─ "Eu não sabia disso".
Estava encrencado? Quem estava mesmo? Oh, quase perdi-me ao contar a maneira que ele escapava de seus problemas, que diante dele, eram menores do que as formigas que corriam de seus pés no campo que agora pisava.

O vento levantava a barra de seu casaco, este dançava com seus cabelos, deixando-os despenteados, de uma forma que não o deixava menos bonito, muito pelo contrário. Quanto mais deixava a vaidade de lado, mais ela queria estar junto a ele.
Como uma amante louca, que mesmo rejeitada, não saía dos pés de seu amor.
E ele é tão doce que quando o sol está vindo, e o encara por todas as manhãs, este brilha mais. Como numa disputa celestial que o envolve de prazer. Porque brilhar para uma estrela, e ter o reflexo dela direcionado a ti, era mais que um fenômeno qualquer, era a graça de conhecê-lo.

Há tantas coisas para se falar, há tantos versos para cantar... E hoje o que ele faz? Contempla sua vista de um bosque qualquer, que daqui alguns anos, será épico por ter tido a sua presença. Que ironia...


─ Hey, aí está você.
─ Olá.
─ Por que está aqui parado?
─ Contemplando a vista, não é bonito?
─ Muito.
─ Hoje as coisas parecem diferentes.
─ Eu sei que dia é hoje, não precisa lembrar.
─ Não estou querendo te lembrar, nem eu mesmo lembrava.
─ Mentiroso.

Ambos riram, encostando-se em um galho de uma árvore qualquer.

─ Você não costuma acordar tão cedo, pensei em passar na sua casa depois das dez.
─ Hoje eu quis fazer tudo diferente.
─ Hm.
─ Sabe? Essa viagem vai mudar as nossas vidas, eu sinto isso. E quem dirá que iremos estar aqui novamente? Tranquilos?
─ A idéia soa ruim?
─ De modo algum, é ótimo mudar. Mas hoje estou tão nostálgico que sinto a necessidade de fazer coisas que não me importava tanto.
─ E você mal tem dezoito anos.
─ Tecnicamente, nem dezessete. Nasci bem depois das nove.
─ Nasceu para a gandaia.
─ Certamente.
─ Te trouxe um presente.
─ O quê é?
─ Deixei na sua casa.
─ Não disse que iria passar lá depois?
─ Não, só disse que passei aqui e te vi.
─ Então teve certeza que eu não estava em casa.
─ Sim, é só você quem faz anos hoje, George. Ou tem uma irmã gêmea para mim?
─ Cala a boca, John.
─ É, tudo vai mudar.
─ Vai mesmo.

E mudou. De forma tão gritante que ele estava totalmente certo. A vida mudou, a rotina idem. Pois nada poderia ser diferente, estava destinado a eles ser o que tornaram-se.
A inspiração que temos até hoje, a compaixão e a paz que dá ao ver de perto esse trabalho maravilhoso que mudou tantas vidas...

"Hoje quis fazer diferente, pois acredito que isto realmente tenha acontecido, e se não, deverá estar acontecendo em algum lugar. Com a presença de ambos, nenhum lugar é escuro. O sol não me deixa mentir, porque ele sempre virá."

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Red on the street

Estradas são caminhos concretos.
O asfalto mal formado, que se forma no meio do nada,
machuca a natureza apenas para nos guiar.
Deveria sair deste lugar?
O meio do nada lhe parece desconfortável?
Estradas e caminhos, vejo carros passando,
indo e vindo como um ciclo, o passaporte
tem cheiro de gasolina, mas o destino é sempre destino.
Horas na mesma posição, movimentos indesejáveis,
sede por comida, fome por água... É um delírio.
Perdeu-se no meio do nada, o nada perdeu-se em
sua caminhonete vermelha. Seus problemas desenfreados,
pneus carecas na estrada. Faróis por acender, ninguém para
iluminar. No pico da madrugada não há ninguém, apenas o
caminho e a estrada.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Can you see my soul?

Mudar. Metamorfose. Sinônimos que intrigam as pessoas. Essas tem medo de qualquer tipo de mudança. Adolescentes permanecem apavorados quando o motor do caminhão é ligado, e seus destinos estão literalmente na gasolina. A gasolina tem um cheiro forte, carrega as lembranças deixando poeira para trás, deixa as mágoas, as festas e a infância. Não há volta. E quando o tempo passa, o que resta? Outro caminhão, este menor, pois suas coisas estão com quem tem de guardá-las, e você é deixado em algum lugar que possui uma cobertura.
Como um glacê, mas o recheio é a morte. Você está lá para morrer, ninguém mais quer saber de fios ligados, de comidas diferentes ou de suas palavras sem sentido algum, eles querem paz e conseqüentemente acham que você também precisa dela.

A paz tem que ser solitária? Tem que andar ao lado da saudade que arde no peito como as chamas de um incêndio? As cinzas entram dentro de seus pulmões, começam a deixá-los mais doentes, te dá prazer e te mata. Assim como o veneno que te embriaga nas noites em que as pessoas de branco não estão por perto. É isso que vai te acontecer. Está sujeito ao destino... O destino que... que... Merda.

Parou. E assim que o fez, a dor em seus dedos pesou-lhe muito. Estava à quatro horas escrevendo sem pausa, o movimento repetitivo o fez sentir agulhas em seus dedos. Era a pior sensação que seu corpo lhe presenteava, não podia controlar. Tinha que obedecê-lo, e se continuasse, a dor aumentaria constantemente.
Seus olhos cansados e vermelhos calculariam quantas noites mal dormidas ele havia tido. As pálpebras já não eram como antes, no tempo em que tudo era novidade. Agora estavam mais caídas, caíam conforme o tempo passava.

Agradeceu à sabe-se lá quem por ter sua personalidade. Isso não mudava. Nunca. E se mudasse, já teria cometido um suicídio da maneira mais rápida, com a certeza de que seria levado para a escuridão, preferia isto a não ter os próprios pensamentos em ordem. Era questão de honra.

Nunca repetia, sentia falta de algumas das que mais gostou. Conformava-se por não voltarem mais, era rotina. Seus cabelos estavam loiros, um dourado bonito, na altura dos ombros. O rosto bem mais masculino, traços de quem tinha vinte e poucos anos. Era alto, pele bronzeada, isso sim era estranho. Pois não havia ido para o litoral do país recentemente. Mas aquele outro rapaz fora...
Tomou um último gole de sua cerveja, mesmo que já estivesse quente era o que mais queria. A quantidade de álcool em seu organismo estava mais para aceitar os fatos do que pelo prazer de estar mais atento.

Cobriu-se com os lençóis, o tecido com noventa por cento de algodão estava frio, frio como os seus pensamentos perante a situação. Todas as noites mal dormidas resultavam em dias em que sua casa transformava-se em prisão. Seu ar era mais do que fantasmagórico, irreal.
E mesmo que a madrugada fosse sua pior inimiga, ele continuava a amá-la. Não somos obrigados a amar somente os amigos. Amor e ódio, ódio e amor. Remédio ou veneno? Ambos irão provocar dor.

O silêncio da calada da noite afundava-lhe a mente, mergulhava seu corpo nas águas escuras que sugavam seus traços. A aparência começara a ser modificada, os cabelos encolheram, o pigmento dos fios alterou-se. O rosto quadrado deixou de aparentar alguns anos, as marcas foram substituídas por uma pele lisa.
E agora parecia flocos de neve, sentiu frio. Puxou os lençóis para aquecer o corpo, assim que o fez, o branco do tecido penetrou em sua pele, nas camadas mais interiores que estavam diferentes. Menos alto, mãos mais jovens, dentes menos sujos... E a claridade chega.

O canto dos pássaros avisa que é hora de encarar a vida de frente, que parte do mundo acordou enquanto a outra vai dormir. Assim como o ciclo da vida, olhar-se ao espelho era um desafio.
E hoje, ao abrir os olhos, apenas levantou-se um pouco. De frente para à cama havia um espelho que preenchia toda a parede.
Cabelos cacheados, um pouco cheios na altura da nuca. Eram negros assim como as sobrancelhas. Vestígios de barba começavam a nascer.

Tudo diferente...

Menos as íris. As malditas íris que nunca mudavam. Poderiam ser normais, não é? Chega de ser o bicho que ninguém conhecia. Estava exausto daquilo, não podia simplesmente mudar? E quanto esforço fez... Ninguém sabia, mas ganhara dores fortíssimas de cabeça de tanto tentar mudar o que nunca conseguira.
Não poderia ter amigos que durassem mais do que um dia. Sua família morreu acreditando que ele estivera morto e que alguém viesse brincar com isso.

─ Mãe. Eles me deixaram ir.
─ Quem é você?
─ Mãe, sou eu.
─ Pare de me chamar de mãe.
─ Mas mãe...
─ VOCÊ NÃO É MEU FILHO! SUMA DAQUI!

Abandonado. Como um cachorro que envelhecera. Novamente jogado em algum lugar para esperar a morte.
Ele não estava velho, estava? Não... Tudo fora deixado para trás.
A vida deixou de ser a mesma, o começo de tudo era desconhecido. A causa nunca fora encontrada, a cura jamais mencionada. Era uma doença? Quem iria acreditar nele? Quem não o declararia insano? A insanidade desde já pode ser considerada normal. Somos tão insanos...





"Vagou por tantos lugares, deixou de ver as pessoas que mais amou, 

lutou contra quem disse que era louco. 
Em pouco tempo concordou. 
Estava louco, seu corpo era o frasco 
do veneno que tinha dentro de si. 
Maldição? Talvez.
Desejo? Jamais. Ele era ele,
o espelho discordava. Quem
não pensou nele todos os dias?
Ninguém. Onde está o garoto
misterioso? Ele vaga sem
rumo, sem vincos e sem
faces. Muda tanto que
hoje em dia, a dor
não incomoda tanto.
É apenas dor."

sábado, 5 de fevereiro de 2011

When a ghost is alive

No passado ao olhar as janelas, víamos pássaros, aviões e pessoas pulando de pára quedas. Hoje, só podemos ver os carros, e alguns acidentes envolvendo máquinas e nuvens cinzas.
A tecnologia cresceu tanto que algumas profissões simplesmente morreram como os velhos idiomas.
Hoje o mundo fala apenas uma língua, que é a mistura de todas. Foi uma forma de tentar unir as nações, que nem sempre deu muito certo.
Tudo estava diferente, as pessoas tentando cada vez mais passar de um nível de inteligência para outro superior.
Eram poucas as pessoas que não tinham noção alguma, e eu era uma delas ao ver dos homens de branco a minha frente.

─ Você tem certeza que quer isso? Pode afetar tudo o que conhecemos. Existe um filme que relata isso.

Segurei um riso para não parecer tão insensível. Era óbvio que estavam preocupados, mas para mim não era nada a não ser uma tentativa de ter meu mundo de volta.

─ Vocês me trouxeram pra cá  por um erro, temos que concertar isso.

─ Mas você quer voltar bem antes de onde a tiramos.

─ Eu preciso arrumar algumas coisas. É importante.

─ Não pode alterar... Seria...

─ Loucura. Já sei. Mas eu preciso, tudo bem? Preciso avisar as pessoas do que as esperam, entendam.

─ Vai comprometer o nosso futuro.

─ Um dia irão me agradecer. Agora vamos logo com isso!

Despediram-se.

O túnel a engoliu de forma aterrorizante. Não sabia se sentia dor, ardência, medo, pavor, ou alegria por estar na época certa de seus desejos mais íntimos.
Caiu em um bosque confortável. Deu graças aos amigos por terem tido o cuidado de usar a grama como cama provisória.
Arrepiou-se ao ouvir outro idioma, e aquele lugar... Estava frio, algumas lojas já possuíam grandes pinheiros para o Natal.
Um Natal que poderia ser normal ou não.

─ Você está bem? ─ Uma garota de cabelos loiros estendeu a mão para me levantar. Seu estilo era da época, e por dois segundos, eu me senti fora do contexto.

─ Estou, obrigada. Foi só uma tontura.

─ É a emoção, não é? Já vi pessoas passando mal hoje, várias delas. Tudo por causa dele, mas é natural. 

Um aceno de janela já é o suficiente para um AVC.

─ Ele quem?

A garota fitou-me curiosa, estudou o meu rosto, e depois minhas mãos. Ela queria ter certeza se eu não iria cair novamente.
Enquanto ela fazia um check up em mim, eu olhei a minha volta. Paralisada.
Pessoas segurando discos, livros, camisetas, lágrimas.
A emoção de estar no lugar que eu nunca estivera, e ter a sensação de que eu sabia de algo.

─ Pode me dizer que dia é hoje?

─ Oito de dezembro.

Congelei. Teria que agir naquele dia mesmo. Eram oito horas da manhã, e meu corpo parecia extremamente cansado.

─ Preciso de um café.

O líquido negro tinha um gosto nostálgico, era cativante estar ali. Não entrei na cafeteria, precisava ter foco.
Julie queria saber de onde eu era, o que eu fazia lá e o motivo por aparentar estar cansada.
Menti. Inventando histórias de prontidão. Ela poderia me agradecer mais tarde.

Nos despedimos, e eu sabia que jamais voltaria a vê-la.

Meu coração saltou quando avistei um rapaz com um livro nas mãos, este sim possuía mãos trêmulas, quem sabe na mesma freqüência que as batidas de meu coração?

─ Será que você poderia me emprestar a caneta?

─ Claro.

Sua voz soou como pedras em meu estômago. Ele havia falado comigo, ele havia sido gentil, mesmo que eu soubesse que sua cabeça estava muito longe daquele pedido casual.

─ Mark, não é?

Suas costas permaneceram rígidas, pareceu uma eternidade o intervalo de tempo em que ele virou de frente pra mim.

─ Como sabe?

─ Simplesmente sei. E não é só isso, eu sei de muito mais. Não acha que cinco balas são fatais? Essa arma não é digna de quem é tão devoto a Deus.

Olhos apavorados me fitavam, eu podia saber o que passava em sua cabeça agora.

─ Não sou uma alucinação, e nem um anjo que veio te salvar. Em partes vim salvar alguém, mas não é você.

─ Está me enganando.

─ Ah, é? Contou para mais alguém que pretende matar John Lennon hoje por causa de um livro e de vozes que mandam em você?

─ Você não existe.

Soquei seu ombro com força, ele cambaleou para trás, irritado.

─ Abra os olhos. Você está doente.

Ele ainda não havia se conformado que seus segredos já não eram tão secretos. Engoli em seco levando a mão ao bolso esquerdo, de lá, tirei uma foto que havia pego na internet. Mostrei à ele, junto com um jornal amassado do The New York times.

─ Não...

A foto do corpo de Lennon em um necrotério foi o suficiente para ele ganhar o aspecto de um fantasma. A data do jornal com a matéria publicada e ao centro, uma foto de Mark manchada com todo aquele crime bárbaro.

─ Você nunca mais vai sair da cadeia.

─ Ninguém vai acreditar em você.

Abri outro jornal, este com uma data de mais de vinte anos à frente.

─ Vê? Ele vai morrer disso porque não conseguiu suportar a dor da perda do parceiro. Quer matar inocentes? Quer saber quantos jovens irão cometer suicídios só nesta semana? O céu nunca será o teu lugar.

Mark chorou. Abraçando-me tão desesperado que senti remorso por querer lançar uma faca em suas costas.

─ Eu não consigo parar.

Sua voz ficou distante quando vi um rosto cheio de vida numa janela alta. Ele parecia tão feliz, tão distinto. Tão nobre...
Eu sabia que nada adiantaria, me senti culpada.

O calar da noite veio, e Mark continuava a perambular pelo Edifício Dakota. O vigia informava-lhe as horas sempre, e ele parecia estar irritado com isso.
Uma angústia invadiu meu corpo como nunca sentira antes. Era trágico esperar pelo fim.
Havia uma porta nos fundos destrancada. Foi sorte. Entrei, sendo barrada por um segurança,

─ Vocês não desistem mesmo, hein?

Eu o fitei com uma amargura enorme. Seus olhos verdes perderam-se em minha íris marejada.

─ Eu juro pra você que não quero nada, só não deixe John sair do edifício. Por favor. Mantenha-o aqui, prenda-o.

O jovem não era tão alto, mas por eu ter menos de um metro e sessenta, parecia monstruoso. Não tinha mais do que vinte e três anos, ele me soltou.

─ Por quê?

─ O cara que o espera está armado, ele dará cinco tiros nas costas de Lennon dentro de uma hora.

Li o nome em seu uniforme, era Hector.

─ Tem provas?

Joguei a foto e os dois jornais na cara dele, voltando a chorar como uma garotinha.

─ De onde você veio?

─ Do tempo, do céu, do inferno. Pare de tentar causar a morte quando estou tentando evitá-la.

Hector me puxou pela cintura, acompanhando os olhos na foto de Mark. Eram iguais.

─ Acredito em você. Vou te deixar entrar.

─ Pra quê?

─ Tenho um plano.

Arrisquei. O que restaria, afinal de contas? Subi algumas escadas, caminhando por corredores e paramos em um gabinete.
Eu o avistei, cerca de dois metros de distancia apenas. Ele olhou para Hector, e depois para mim.

─ Hm, o quê foi?

─ Senhor, essa senhorita precisa falar algo urgente.

─ Autógrafo? Eu a vi lá fora, Hector... Você não pode trazer garotas aqui só porque as achou bonitas...

─ Eu não quero nada. Eu só quero salvar a sua vida. Mas que droga!

Yoko apareceu a nossa frente, confusa com tudo.

─ Por que choras, querida?

Entreguei os papéis à ela, não era o bastante.

─ Pagou quanto ao jornal para publicar isso?

Respirei fundo, entregando a foto que os calaria. Yoko soltou um grito, os jornais caíram.

─ Eu nunca tirei uma foto assim em toda a minha vida, amor.

John olhou-me nos olhos, eu chorava tanto que sua imagem ficara embaçada. Devolveu-me os papéis, demonstrando preocupação.

─ George é um sacana por fumar mesmo.

─ Senhor, acho que podemos saber se ela está falando a verdade.






Cinco disparos, gritos, um corpo caído.



Estava falando a verdade? Sim, estava. E para os olhos do assassino, sua vítima levantou, olhando-o com desprezo.

─ Acha mesmo que meu último autógrafo seria para você?

Balas não atravessam coletes a prova delas, balas jamais poderiam entrar em contato com uma vítima que fora avisada. E o destino dele era o mesmo, trancafiado para sempre.

Eu havia avisado.

E como se nada acontecesse, tudo fora mistério. John declarara ter tido um sonho com alguém o avisando sobre a possível fatalidade.
 Ninguém lembrava de meu rosto. Apenas um.

─ Vou te ver de novo?

─ Não sei, talvez eu o veja velho. Mas sei que irá lembrar desse segredo.

Abraçou-me, como se sentisse uma saudade enorme. Beijou-me logo em seguida, voltando seus olhos tão verdes para os meus.

─ Prometo jamais esquecê-la.

A dor novamente chegou, e parecia não doer tanto por ser conhecida.

Abri os olhos ouvindo uma canção na voz de um sobrevivente. A letra parecia distante, ainda estava embriagada com o sono, mas um trecho pude captar:



Sonhei tão acordado que um anjo eu olhei, 
dizendo-me coisas das quais duvidei, 
ela tão paciente mostrou-me a prova, 
e eu tão inconsciente arrisquei-me com a cova.
Ela sumiu depois que sobrevivi, estaria ela 
ouvindo esta canção em algum lugar? 
Obrigado, querida. 
És a garotinha que sempre irei recordar...”

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

You're my favorite color

A vida sempre fora comparada aos jogos de tabuleiro. Onde o mais inteligente, que possuir uma estratégia melhor, conseguirá chegar ao outro lado. Um lado de vitórias, caminhos claros e finais melhores do que o jogador espera.
Há algum tempo atrás eu pensava que essa comparação era concreta. Mas como de costume, não vejo que algumas certezas tenham somente o lado certo.
Em um jogo de tabuleiro, por exemplo, as nossas peças podem atrapalhar uma jogada perfeita, porque ocupam aquele lugar que deveríamos guardar, mas que fora usado sem pensar direito.
Isto não é culpa de nosso adversário, é nossa. Só que é tão fácil culpar quem está a nossa frente, levando vantagem em absolutamente tudo, e mesmo assim, com aquele sorrisinho de canto que diz muita coisa quando seus olhos piscam com a mesma freqüência de um flertador de pôquer.

Jogos são jogos, e nunca sinônimos de piedade. Nos jogos você pode matar sem remorso, pois não custa nada. Tem gente que arrisca demais, arrisca esse jogo de verdade e acaba esquecendo que não somos feitos de plástico e nem de chumbo, que essas meras peças tem sentimentos, tem pensamentos e principalmente: Tem consciência dos próprios atos.
Uma frase relativa se quer a minha opinião, pois há tantos que fazem e decidem fugir para longe... O longe que acaba sendo o lugar dos prisioneiros da própria liberdade.

Hoje, não vejo as pessoas como peças. As vejo de modo totalmente diferente, cada uma é uma. E por mais parecidas que possam ser jamais serão iguais. Não há maneira de fazê-las terem os mesmos pensamentos.
Até a genética dá a sua ajuda em meu argumento tão simples, não?

Nunca seremos iguais...

Essa falta de igualdade é confundida, e por demência acabou sendo o palco principal de tragédias... Porque alguns jamais serão iguais, e se não tivermos uma ordem certa, o que será de nós?
Falta arriscar... Quem gosta tanto de arriscar, onde esteve nesse tempo? Por que não disse para nunca começar o que viria a ser algo terrível? Pobres diferentes... Distintos, sofredores, alguns vencedores.
Porque muitos perderam, porém, outros ganharam, ganharam a vida outra vez.





“A vida é como uma aquarela cheia de borrões. Por mais que o vermelho pareça com o cor de rosa forte, ele jamais deixará de ser o velho vermelho. Às vezes o azul vira verde, o verde azul, porém, sempre saberemos quem é o original.Nós somos as cores. A vida é como uma aquarela variada, porque as coisas simples, como a tinta, é que dão forma as mais belas obras de arte de nosso cotidiano.”