segunda-feira, 6 de junho de 2011

Velvet

Ela assistia mais de vinte filmes por semana. Tirava trinta fotografias de tudo o que via pela frente, apenas duas eram de seu agrado. Perfeccionista desde que nasceu, detalhista aprimorada com o passar do tempo. Era romântica, mas não dispensava um filme de terror. Daqueles em que a maioria das garotas chamaria de nojento, no mínimo e brigaria com o namorado para assistir qualquer filme da Disney. Lia livros, escrevia algumas continuações que nunca foram digitadas para o computador, jogadas em seu armário branco com detalhes em lilás. Gostava da cor, aliás, era a cor de seu quarto e na maioria das vezes, a cor de seu humor.

Um filme trouxe paixão por coisas do passado, bastou alguém apresentá-la as coisas lindas que a vida tinha lhe mostrado, ela precisava abrir os olhos. E só foi acontecer com catorze anos de idade. Já não era pré adolescente, mesmo que tivesse mil e uma dúvidas na cabeça. Querendo desvendar todos os mistérios que invadiam a sua cabeça sozinha, sempre fora assim. Independente. Esse era o seu jeito, só precisou sentir falta de algo muito importante para demonstrar toda a sua força. A sua paixão pela vida e seu modo de vivê-la.

É uma lástima com números, prefere escrever. Escreve para ficar feliz, para desabafar, para matar...
Traço comum, rosto de menina. Nunca parece crescer, mesmo que não aparente ter a idade que tem.
Conseguia ser feliz, mesmo de coração partido pelas coisas que já havia passado. Coisas que não são triviais, coisas que marcaram a sua vida, deixando marcas. Como rabiscos na pele.
E esses rabiscos que agora acha charmoso mudaram de nome. Encontrou algo mágico. Ou melhor, alguém...

Algo sempre faltava. Era a carência perpétua que pensava ter, não pensava. Tinha mesmo aquela carência. Talvez sempre fora carente, motivo por dormir com bichos de pelúcia até hoje.
Já faz um tempo que essa carência passou, e passou de um jeito diferente. Preenchendo espaços, que agora não estão mais tão largos, tão vazios e tão solitários como eram antes.

Agora ela tem alguém com quem tomar café e chá. Tem alguém para comer pão de queijo porque adora, e não porque a acompanha na dieta vegetariana. Alguém com quem pode ver filmes no cinema, dar presentes simples, porém importantes e singelos. tem alguém para esconder qualquer coisa que tire a beleza de uma prateleira de madeira, e escutar o riso grave que sua travessura causou. Tem alguém para comparar com as coisas mais lindas do mundo.










Ela é a fita, e ele o veludo.