sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Coma




Como se um automóvel tivesse perfurado a consciência tornando o chão quente e não frio. A desordem que há neste corpo não torna isso mais trágico, talvez fosse necessário que antes de conseguir grandes conquistas seja preciso fracassar. Como uma chuva de antíteses num céu de paradoxos onde uma ventania não é poesia e sim eufemismo. Em coma profundo por uma vida onde nada além de seus anticorpos dançantes, a sua valsa está terminando, é hora de ser quem precisa ser. 


Para estar em pé ela deve cair. E cair forte. Mas não tropeçar sozinha. Cair. Ser jogada contra o chão. Concussão diária, semanal, mensal, anual, eterna. 


Nem todos os círculos são compostos por um infinito cuja saída não existe além de desespero, com uma dose de angústia e coragem a roda se transforma em ponte. Seus passos percorrem a superfície incerta deixando a própria linha do tempo para trás. Isso traz responsabilidades para esta que vos fala, mas aceitas de bom grado pela demora. 


Longa espera. 



je ne suis pas perdue | via Tumblr
O recesso foi preciso para que todas as energias pudessem se estabilizar. Estas mãos calejadas pelas ideias que não possuem começo e muito menos fim, que partem do meio de um ser que não conseguia acordar de seus males, de suas verborragias, da ausência de preenchimento e não presença de vazio.

Acabou.



O coma termina para que todos que aqui passam seus olhos cansados possam enxergar como há viagens necessárias para não só conhecer outros lugares, mas para conhecer a si mesmo.


Profundamente.