segunda-feira, 29 de maio de 2017

Make me care again.

Não é preciso mencionar o nosso atual cenário político. Tampouco a guerra na Síria. É triste? É. É lamentável? É. Mas eu não consigo me importar com nada disso. Exatamente, nada. 

Eu não me importo se bilhões nos foram roubados ou se as pessoas estão se matando com uma AK 47 só para se entreterem no final de semana. Me culpo por não me importar, mas aparentemente é um sintoma patológico. Não me importo com o exterior, com o interior, com nada. Eu ouço os problemas das pessoas e tento me afligir, tento  de todas as maneiras buscar palavras de conforto. Quando as encontro, elas saem vazias feito vento, preenchidas como um saco de papelão estourado que alguém insiste em assoprar e assoprar. Tudo o que eu me importo é com dor. Com a dor que eu sinto no meu interior, com a dor de lutar contra mim mesma em não ceder aos meus impulsos. Eu não me importo. E eu deveria me importar muito. Ainda tem uma coisa ou outra que chama minha atenção e me faz me importar, mas essas coisas não são suficientes para que eu me agarre nelas e comece a me importar com o resto. Eu realmente não acho que isso seja normal, eu não sei exatamente por quanto tempo ficarei assim. Faz meses que não vejo jornal, não acesso G1. E quando acesso algum site de notícias, eu vejo um monte de coisa e não sinto nada. Teve aquele ataque terrorista recente em Manchester. Só fiquei sabendo porque vi um post no facebook sobre a rainha Elizabeth estar prestando solidariedade às vitimas no hospital. É isso, uma senhora de noventa e um anos se importando. E eu aqui, com vinte e dois não me importando, não sentindo, bloqueada com o que eu não sei. Por que será que o cotidiano não me comove mais? Será que eu me acostumei com o fato do homem ser mal e Thomas Hobbes tinha razão quando disse que o homem era o lobo do homem?

Mas se o fato for esse, para onde eu devo ir? Porque o mundo é cercado de homens, humanos, pessoas que destroem as coisas. Para onde eu vou com esse comportamento? Eu devo prosseguir como into the wild e morrer envenenada num ônibus azul ou eu continuo aqui não me importando com nada até que um dia, como num passe de magia, eu vá para a terra de Oz e meu único pedido para ele seja que eu me importe de novo? Profundamente, desesperadamente, suplicante e de joelhos: Me faça importar!.