sábado, 22 de fevereiro de 2014

A dor interna

Ai de mim por existir em tal mundo
cheio de ternos e gravatas que sufocam-me a cada dia,
pobre daquele que toma um café de máquina quando tem
vontade de mastigar os grãos enquanto vai para casa.

Ai de mim por ter aqui e somente aqui aquelas tristezas
que refletem num espelho sujo e quebrado.
Por meus irmãos que estão aqui confinados,
que cada capítulo dessa vida miserável seja menos insuportável
que o dia anterior.

Ai de mim por não ser levado a sério, por ter que orgulhar
a quem não quero, pelas notas e não números, pelas palavras
e não salivas orais, pelo amargo teor de realidade.

Ai de mim por não viver de poesia.